Depois do cigarro, o retorno da saúde

19 de abril - 2017
Por: Equipe Coração & Vida

Não tem discussão sobre isso: parar de fumar é uma das melhores decisões que se pode tomar em prol da saúde. De modo geral, todo o organismo se beneficia do fim desse vício – e os pulmões, diretamente impactados por cada cigarro aceso, são os primeiros a se valer da suspensão. Mas reverter o quadro de “ser fumante” leva tempo, muito tempo.

Quanto custa seu cigarro?

O pulmão, resiliente, começa a se curar do fumo em questão de dias. Segundo pesquisas, dentro de algumas horas sem receber a fumaça e suas toxinas, o pulmão é capaz de começar a se recobrar.

Mas se regenerar completamente do tabaco? Isso depende do tempo de tabagismo e do grau de lesões que podem ter se instalado no pulmão. Quanto mais tempo o indivíduo foi fumante, pior, claro.

Foto: Shutterstock
Foto: Shutterstock

Acontece que o hábito de fumar paralisa e eventualmente destrói parte da mucosa dos pulmões, enfraquecendo esse mecanismo de proteção natural – e aumentando a probabilidade de infecção.

Os danos mais comuns são o desenvolvimento de bronquite, bronquiolite e enfisema – além do câncer. A bronquite, que é a inflamação das vias aéreas mais centrais, e a bronquiolite, inflamação das pequenas vias aéreas, melhoram muito assim que o indivíduo para de fumar – e podem ser totalmente revertidas no intervalo de dois a cinco anos após a cessação do tabagismo.

“Já o enfisema, que é a destruição dos alvéolos, é irreversível”, explica a pneumologista Elnara Márcia Negri, especialista do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

Embora os pulmões danificados nesse nível não possam se recuperar totalmente, parar de fumar ainda é a melhor maneira de limitar ainda mais a deterioração.

Alívio imediato

A ação do cigarro é um gatilho tão grave para o corpo quanto sua suspensão traz benefícios rápidos: dois dias depois de parar de fumar, o corpo está completamente livre de nicotina e de monóxido de carbono. E os nervos, responsáveis por olfato e paladar, se reavivam – fazendo a comida ficar mais saborosa, por exemplo.

Pouco tempo depois, novas melhorias: em um estudo publicado há alguns anos na revista médica “Respirology”, especialistas já notavam que 15 dias depois de cessado o tabagismo, os cílios e flagelos recuperavam suas funções. Isso explicaria, por exemplo, que boa parte dos ex-fumantes para de tossir e de sentir pigarro já nos primeiros dias depois de parar de fumar.

De uma a duas semanas depois de parar com o cigarro, o pulmão irritado já consegue diminuir o número de células produtoras de muco, desbloqueando a passagem de ar e regulando a quantidade de saliva produzida, por exemplo.

Por volta de três meses sem tabaco, os seios da face estarão mais limpos e respirar é claramente mais fácil. Esse, porém, é um momento crucial do processo, quando muitas pessoas param definitivamente e outras passam pela tentação de voltar.

Para os resistentes, vai valer a pena: em 12 meses sem cigarro, o risco de ter uma doença cardíaca já reduz bastante. Outra boa notícia: após 5 anos, a probabilidade de sofrer um derrame é tão baixa quando a de um não-fumante.

A má notícia? “Além de um enfisema pulmonar, irreversível, o cigarro pode induzir o aparecimento de câncer no pulmão, bexiga, boca, esôfago, estômago e outros tipos até 10 a 15 anos depois que uma pessoa parou de fumar”, diz Elnara.

Passado esse período, mais de uma década depois do último cigarro ou similar, é que um ex-fumante volta a ter a saúde comparada a de outra pessoa qualquer. Daí a suspensão do tabaco ser aquele desafio que, pensando bem, nunca deveria ter sido necessário.

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

Compartilhe:

Dúvidas?
Envie sua pergunta para o

RESPONDE

acesse

Notícias Relacionadas: