Dia do Homem: dicas de saúde que você precisa conhecer
Longe de ser assunto frequente em rodas de conversa, os cuidados com a saúde costumam ser deixados de lado pela maior parte do público masculino.
Levantamento do Centro de Referência da Saúde do Homem do Estado de São Paulo mostrou que 60% dos pacientes atendidos na unidade já chegam ao hospital com quadros graves e sintomas bastante avançados.
A questão ainda é predominantemente cultural, afirmam os médicos. “Os homens costumam se enxergar como super-homens, provedores da família e infalíveis. A cultura de passar em consultas de rotina desde a adolescência é feminina, não masculina. No entanto, isso vem mudando e, com o aumento da expectativa de vida, manter a saúde em dia passa a ser prioridade”, explica o urologista Claudio Murta, coordenador do centro especializado.
As expectativas de mudança são mesmo altas. As doenças cardiovasculares, seguidas do câncer de próstata, ainda são as que mais atingem – e matam – os homens.
Segundo dados federais, do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), 57% dos homens brasileiros estão com sobrepeso e 18% obesos. Mais de 20% têm hipertensão.
A prevenção tem um papel fundamental nesse cenário: a manutenção de hábitos saudáveis, desde a infância, com uma dieta equilibrada, também com pouco sal e açúcar, alimentos processados e gordura, junto à prática diária de atividade física são as grandes aliadas da boa saúde. “Obesidade, pressão arterial aumentada, diabetes, esses são problemas evitáveis, por isso precisamos reforçar que o caminho para viver melhor é baseado na mudança diária dos nossos hábitos”, destaca Roberto Kalil Filho, diretor das áreas de cardiologia do Instituto do Coração (Incor) e do Sírio-Libanês.
O Dia do Homem, celebrado em 15 de julho, também chama atenção para o valor do autocuidado. Por isso, o Coração & Vida conversou com especialistas para listar os cuidados essenciais para quem quer viver mais – e melhor. Confira abaixo:
– Valorize seu coração
As dislipidemias, representadas pelo colesterol “mau” (LDL) elevado e por gorduras (lipídeos) no sangue, a pressão aumentada e o diabetes são alguns dos fatores de risco para as doenças do coração. Além da prevenção primária, manter na rotina anual a consulta com um cardiologista para avaliação física e exames complementares pode garantir o diagnóstico precoce e o controle das doenças. Vale doar um dia para sua saúde e manter esse compromisso na agenda.
– Ignorar os sintomas não é solução mágica
É importante estar atento aos sinais do seu corpo e procurar ajuda quando algo não parecer bem. Segundo o urologista Claudio Murta, dificuldade para urinar, sangramentos na urina, sensação de massa na região abdominal ou mesmo dor no órgão genital são sinais claros de problemas de saúde. “Mascará-los com o uso indevido de medicamentos ou misturas caseiras podem agravar o caso”, alerta.
– Seguro é não fumar
Não existe quantidade mínima ou indicada quando falamos de cigarro. O tabagismo está ligado a doenças graves como câncer de bexiga, rim, pulmão, cabeça e pescoço, além das doenças cardiovasculares e a disfunção erétil (impotência sexual). Buscar ajuda para cessar o consumo é uma estratégia inteligente e garante inúmeros benefícios para a saúde, logo de início.
– Mexa seu corpo
Atividade física é mesmo fundamental, um compromisso pessoal e intransferível. “Está mais do que provado que a prática regular (de atividade física) diminui a incidência de problemas graves de saúde, inclusive para pacientes que já estão em tratamento do câncer”, ressalta o urologista Giuliano Guglielmetti, médico do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) e do Hospital das Clínicas (HC).
Escolher um esporte que te motive a melhorar seu desempenho ou mesmo misturar práticas diversas para não enjoar são boas apostas.
– Sexo seguro, sempre
É importante que adolescentes e jovens visitem o médico antes de iniciar a vida sexual para tirar dúvidas e receber orientações sobre as infecções sexualmente transmissíveis (IST). Valorize, também, o diálogo com sua parceira. A confiança é importante para que o sexo satisfaça plenamente o casal.
– Disfunção sexual é sinal de atenção, não de vergonha
O urologista Giuliano explica que a disfunção erétil é um importante marcador de doença cardiovascular, por isso precisa ser investigada. “As causas também podem ser psicológicas, mas em 90% dos casos estão relacionadas ao colesterol alto e a hipertensão. Investigar e tratar traz mais qualidade de vida para o paciente”, afirma.
O médico ainda alerta para o risco de dependência psicológica de medicamentos para tratamento de disfunção sexual. “Só tem indicação de uso quem realmente enfrenta o problema, com diagnóstico médico”, destaca. O uso indevido não traz resultados, ou seja, não melhora o desempenho sexual de nenhum homem.
– Visita ao urologista é autocuidado
A partir dos 40 anos, é indicado visitar o médico para avaliação geral da saúde e realização de exames de detecção precoce do câncer e de problemas da próstata como a análise do PSA (antígeno específico da próstata) e o toque físico, que dura menos de 1 minuto e é totalmente indolor. O espaço entre as próximas visitas será indicado pelo especialista, de acordo com fatores como o histórico familiar e etnia.
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– Beba mais água
A ingestão de água – pelo menos dois litros diários – e outros líquidos saudáveis, como sucos naturais e chás, diminui as chances de infecções urinárias e a formação de cálculos renais. Em paralelo, ainda hidrata o corpo e deixa pele e os cabelos mais bonitos. Nada mal, não é mesmo?
Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo