Diabetes gestacional: entenda como isso implica na gravidez
Resultado de uma série de fatores, a diabetes gestacional costuma ser diagnosticada no segundo trimestre da gestação e pode alterar de forma significativa a rotina das futuras mamães.
Quem deseja engravidar deve, portanto, verificar de início suas condições clínicas: está com excesso de peso? É sedentária? Tem histórico de diabetes na família? Lembrando que tais condições apenas reforçam a importância da realização frequente da dosagem de glicose no sangue, mas o exame deve ser feito por todas as gestantes.
Se diagnosticada com diabetes, a gestante receberá uma dieta especial e poderá, em casos mais graves, receber doses de insulina.
Fatores de risco
Antônio Roberto Chacra, endocrinologista do Hospital Sírio-Libanês explica que a incidência de diabetes durante a gravidez é maior entre:
– quem engravida depois dos 30 anos
– quem tem excesso de peso e/ou é sedentária
– quem já tem histórico da doença na família (manifestada não necessariamente durante uma gravidez).
“Essas circunstâncias fazem com que apareça a diabetes na gravidez. Aumenta o índice de glicose e a substância acaba passando pela placenta. Em consequência, a criança nasce com peso excessivo. Filhos de mães com diabetes gestacional nascem com excesso de peso”, alerta o endocrinologista.
Surge só na gravidez
Uma das principais dúvidas levantadas pelas gestantes diagnosticadas com diabetes diz respeito ao fato de nunca terem apresentado qualquer sintoma da doença antes de engravidarem. De fato, conforme explicam os especialistas, a enfermidade pode ocorrer independentemente de a mulher já ser diabética. Está relacionada, portanto, à ocorrência da gravidez e não simplesmente ao quadro clínico da paciente.
Conforme explica Chacra, a diabetes gestacional difere do caso em que a mulher já é diabética e então engravida.
“Neste caso, trata-se de um binômio de diabetes e gravidez. Na gestacional, a mulher não tinha diabetes, mas desenvolveu durante a gravidez”, explica o médico.
Elevação dos hormônios
A diabetes na gravidez não é tão frequente como se costuma imaginar. No entanto, de acordo com Chacra, trata-se de um evento que pode atingir toda e qualquer gestante. Por conta disso, atualmente é obrigatória a realização de exames para detectar a dosagem de glicose em todas as mulheres que engravidam. O procedimento deve ser feito ao menos três vezes durante a gestação, uma a cada trimestre.
Segundo a endocrinologista Claudia Cozer Kalil, coordenadora do Núcleo de Obesidade e Transtorno Alimentar do Hospital Sírio-Libanês, a diabetes gestacional pode ocorrer pela elevação de hormônios contrarreguladores da insulina. Ou seja, hormônios que são antagônicos à ação da insulina no organismo.
“O principal hormônio relacionado à resistência à insulina durante a gravidez é o hormônio lactogênico placentário (BHCG). Contudo, sabe-se hoje que outros hormônios hiperglicemiantes, como cortisol, estrógeno, progesterona e prolactina, também estão envolvidos”, completa Claudia.
Durante a gravidez, no entanto, a diabetes também pode surgir devido ao estresse fisiológico imposto pela condição. Fatores predeterminantes também podem ser responsáveis pelo aparecimento da doença e são estes os pontos que melhor podem ser observados por quem deseja engravidar ou por quem está no início da gestação e não quer ser pega de surpresa com o diagnóstico da diabetes.
Dosagem periódica de glicose é fundamental
Os endocrinologistas alertam que a diabetes na gravidez pode ser assintomática. Ou seja, em alguns casos, a gestante até percebe algumas ocorrências (urinar em excesso, ingerir muita água), mas a doença geralmente não se manifesta por sintomas.
“Por isso que é obrigatório o exame, a dosagem de glicose no sangue, em todas as gestantes”, explica Chacra.
Após o parto, no entanto, a diabetes na mãe simplesmente desaparece. A criança também não desenvolve a doença ao nascer.
“A mãe, entretanto, deve tomar cuidado. Se engordar com o passar dos anos, terá mais chances de desenvolver diabetes tipo 2 por volta dos 45, 50 anos”, completa Chacra.
O endocrinologista também alerta que, apesar de não desenvolver diabetes ao nascer, a criança, filha de uma mãe com diabetes gestacional, pode apresentar icterícia neonatal, pode ter de ficar mais tempo no berçário e também desenvolver complicação pulmonar.
Trata-se de um recém-nascido mais frágil, que requer mais cuidados médicos. Claudia aponta ainda que as pacientes com diabetes gestacional têm alto risco de recorrência da doença em gestações futuras. Também de acordo com a endocrinologista, recém-nascidos com excesso de peso (acima de 4 kg) têm mais riscos de desenvolver obesidade e diabetes durante a adolescência.
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Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo