Diagnosticada em unidade móvel, mulher descobre a tempo câncer de colo de útero
A costureira Janaína Fogaça, 26, sempre fazia exames ginecológicos preventivos anualmente no posto de saúde da sua cidade, em Dois Vizinhos, interior do Paraná. Certa vez, porém, aproveitou a oportunidade na indústria em que trabalha para fazer os exames em uma unidade móvel do Sesi (Serviço Social da Indústria), a “Cuide-se +”.
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Trinta dias depois de ter feito os exames preventivos, foi chamada pelas enfermeiras da indústria para ser encaminhada a um médico especialista. Havia sido detectado algo estranho no seu colo do útero.
“Fiz quatro biópsias pequenas, dessas que a gente faz como preventivo. Só dava endocervicite, uma infecção no colo do útero”, conta. “O médico falou, porém, que alguma coisa não estava legal, e pediu para eu fazer uma biópsia maior. Fiquei internada, levei anestesia geral e retiraram toda a parte doente para fazer o exame”, lembra Janaína.
Quando finalmente pegou o resultado, era câncer. “Fiquei arrasada quando cheguei para saber o resultado, porque as outras quatro biópsias pequenas não deram nada. Saí da sala do médico e nem disse ‘tchau’.”
“Liguei para o meu marido vir me buscar, porque eu só chorava. Emagreci quatro quilos só chorando.” A aflição de Janaína era não ter mais detalhes de como estava sua saúde. “Não sabia bem, achava que o câncer tinha tomado conta de tudo e não ia ter mais o que fazer. Na outra consulta, já fui mais calma e fiz várias perguntas ao médico.”
Foi quando recebeu a indicação de fazer uma histerectomia total, a retirada completa do útero e das trompas, e soube que não precisaria passar por quimioterapia após o procedimento.
“Já tinha um filho de sete anos e o médico disse que se eu quisesse ter outro, até poderia, mas que eu estaria de mãos atadas caso acontecesse alguma coisa [por causa do câncer]. Ele disse que, se fosse eu, não arriscaria”, conta a costureira. Foi quando aceitou fazer a cirurgia.
A recuperação do procedimento, no entanto, foi dolorosa. “Tive muita dor de cabeça, talvez por causa da anestesia. Além disso, sentia muita náusea e também vomitava. Os primeiros dias foram bem doloridos, horríveis”, lembra.
Depois, Janaína foi considerada curada. Precisa apenas passar por exames preventivos a cada seis meses.
“Eu aconselho todo mundo a ir na unidade móvel da ‘Cuide-se +’. Fizeram um serviço exemplar. Tiveram todo o cuidado de encaminhar e marcar a consulta de quem teve problemas apontados pelo resultado do exame”, conta. “Se não fosse isso, eu não teria me curado a tempo.”
“Cuide-se +”
Gratuito, o “Cuide-se +” faz parte de um programa do Sesi, ligado à Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), que percorre cidades no intuito de oferecer exames sem fila de espera a quem trabalha na indústria.
No Outubro Rosa, a unidade móvel foca principalmente em exames preventivos contra câncer de mama e câncer de colo de útero.
“A atenção à saúde do trabalhador é uma prioridade para a indústria paranaense e, para que se atue com eficiência, é preciso agir na prevenção. Foi por isso que o Sesi no Paraná criou o ‘Cuide-se +’. Mais do que contribuir para a produtividade das empresas ao evitar afastamentos de trabalhadores por longos períodos graças ao diagnóstico precoce, o programa é uma ação de responsabilidade social”, afirmou o presidente da Fiep, Edson Campagnolo.
Somente em 2017, o programa realizou 2.567 mamografias, 4.838 exames de papanicolau, 9.667 análises de pele e 4.203 PSAs (antígeno prostático específico).
Entre 2014 e 2016, dos mais de 60 mil exames realizados, 564 trabalhadores foram encaminhados para exames complementares e, quando necessário, para tratamentos.
Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo