Doenças do coração: a prevenção começa pela boca
Gengivas inflamadas ou cáries em estado avançado são sinais de alerta. Além de comprometerem a saúde bucal, essas condições também estão relacionadas aos casos de endocardite infecciosa, uma doença que compromete o funcionamento das válvulas do coração.
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“As infecções nas válvulas cardíacas estão correlacionadas com problemas bucais, sendo mais comuns em pacientes que já apresentam condições anteriores no órgão e que representam 99% dos casos”, explica Itamara Lucia Itagiba Neves, cirurgiã dentista da área de Odontologia do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da FMUSP, em São Paulo.
A endocardite infeciosa impacta a forma que o coração trabalha, alterando o funcionamento das válvulas e o fluxo sanguíneo. O agravamento do quadro pode levar à insuficiência cardíaca.
Como costuma afetar pacientes que já sofrem com doenças cardíacas, principalmente nas válvulas, a prevenção é ainda mais importante, evitando o agravamento do quadro. Pacientes que apresentaram problemas e foram operados também devem ter atenção redobrada.
“Normalmente, a infecção se dá por gengivites e por cáries em estágio avançado. Os dois problemas fazem com que as bactérias entrem na corrente sanguínea do paciente, iniciando o quadro infeccioso”, destaca Itamara.
Cerca de 40% a 45% dos casos de endocardite têm como origem infecções bucais. No entanto, a boca não é o único meio de a infecção chegar ao órgão, podendo também ocorrer por meio de infecções nas vias áreas e urinária.
Apesar de a doença ser mais comum em pacientes com problemas cardíacos anteriores, também pode afetar, mesmo que com menor incidência, pessoas que não tinham a condição.
Usuários de drogas injetáveis ilícitas são mais propensos a desenvolver a doença nessas condições – por uma maior exposição a bactérias e por conta do compartilhamento de seringas -, assim como idosos, devido a um envelhecimento natural dos órgãos.
Por isso, a prevenção é bastante importante, realizando uma boa escovação após as refeições, utilizando o fio dental e com consultas periódicas ao dentista.
A especialista destaca ainda que a condição da escova dental também é importante, trocando a mesma sempre que as cerdas fiquem gastas e não esquecendo de incluir na escovação a língua e a gengiva.
“Em casos de pacientes com problemas nas válvulas cardíacas, alguns tratamentos dentários requerem ainda o uso de profilaxia antibiótica, quando o paciente recebe uma dose de antibióticos com o intuito de prevenir infecções, que podem entrar na corrente sanguínea por meio de sangramentos, como uma raspagem para a retirada de tártaro”, exemplifica Itamara.
Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo