Dores por uso de celular são cada vez mais comuns
Com a popularização dos celulares e tablets, tem aumentado o número de pessoas que se queixam de dores na região do pescoço e da nuca. A relação é mais lógica: tem-se utilizado cada vez mais os celulares para ler, trocar mensagens e assistir vídeos – e a postura é que sofre.
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A posição habitual mantida enquanto o aparelho é usado faz com que ocorra uma sobrecarga nos músculos que sustentam a cabeça.
O problema se tornou tão comum que tem sido tratado como uma epidemia mundial, chamada de “Text Neck Syndrome” (uma “síndrome de pescoço de quem usa celular”).
Tratam-se de dores especialmente na região cervical, mas também na cabeça, que costumam aparecer após longos períodos de inclinação exagerada do pescoço durante o uso de celulares e tablets.
Para Alan Douglas, fisioterapeuta, ainda são necessários mais estudos biomecânicos que comprovem a relação direta entre as dores no pescoço/cabeça e o uso desses aparelhos. No entanto, ele concorda que tem havido um considerável aumento na utilização e na dependência desses dispositivos, gerando dores mais fortes com o passar do tempo caso nada seja feito.
Postura correta
Não é difícil perceber como nossa postura é afetada pelo uso de celulares e tablets. Um dos principais problemas, de acordo com os médicos, é que temos condicionado o olhar e a postura à posição dos aparelhos, quando o recomendável é justamente o contrário.
Quando se está sentado, por exemplo, o ideal é levantar o celular na altura mais próxima possível dos olhos. Assim, o usuário evita inclinar a cabeça para frente. Para isso, é bom procurar apoiar também o braço que segura o aparelho de modo a evitar dores em outros músculos.
“Recomenda-se olhar para o telefone segurando suas costas em uma posição neutra, e não tensa, com as orelhas alinhadas com os ombros e escapulas retraídas”, ressalta o fisioterapeuta.
Exagero no uso
Muitas vezes, a postura nem é assim tão ruim, ainda que inadequada. O excesso de tempo destinado ao uso desses aparelhos, no entanto, contribui fortemente para que o “Text Neck” apareça.
Douglas ressalta que a utilização desses dispositivos deve ser desencorajada e controlada, principalmente entre crianças e adolescentes. Ainda mais quando se leva em consideração que o sedentarismo tem relação direta com o uso exagerado de celulares, tablets e notebooks.
“O tempo de tela é o comportamento que mais contribui para o tempo de inatividade do indivíduo, associando a efeitos prejudiciais à saúde (depressão, ansiedade, obesidade, problemas no comportamento social)”, explica.
O fisioterapeuta ressalta ainda que, em casos mais graves, apenas a mudança de postura e hábitos não é suficiente para diminuir as dores causadas pelo “Text Neck”. Nesse caso, é preciso partir para tratamentos mais incisivos.
“Se a mudança da postura já não é suficiente, é preciso fazer uma avaliação para restabelecer a função correta e suprimir um possível quadro de dor. Os resultados são bons e rápidos quando é identificado o problema e estabelecido um programa de tratamento”, completa.
Confira algumas dicas para evitar o surgimento do “Text Neck”, mas fique atento e, se as dores persistirem, procure um profissional qualificado:
– Evite períodos longos e na mesma posição ao usar o smartphone;
– A cada uma hora, levante, faça uma pausa de 10 minutos e busque, inclusive, descansar os olhos;
– Levante o celular ou tablet até a altura dos olhos e mantenha a coluna ereta;
– Evite passar longos períodos respondendo mensagens ou utilizando redes sociais. Procure alternar as atividades.
Texto
Thassio Borges
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