Dormir bem pode ser uma questão de melatonina

19 de agosto - 2016
Por: Equipe Coração & Vida

Parece um pesadelo, mas é realidade: um número cada vez maior de brasileiros vem travando batalhas épicas com seus travesseiros. Insônia durante a noite e corpo cansado durante o dia vêm sendo uma dura rotina para, segundo dados do Instituto de Pesquisa e Orientação da Mente, 69% da população brasileira.

Foi essa fatia imensa que classificou o próprio sono como “ruim ou insatisfatório” durante a última pesquisa do IPOM. O sono dessas pessoas tem sido invadido pelas preocupações com problemas familiares e financeiros (resposta de 50% dos entrevistados), estresse (40%) e a dificuldade de se desligar de televisão, celular e internet (28%).

Foto: Shutterstock
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A grande maioria (43%) dorme apenas de 3 a 5 horas, enquanto 36% dorme de 6 a 7 horas e somente 21% coloca em prática as recomendadas 8 horas de sono que o corpo necessita. Mas tem remédio para isso. Um remédio natural – a melatonina.

O que é

A melatonina é um hormônio produzido por diversos animais. Nos humanos, é o produto de secreção da glândula pineal e tem como principal função regular o sono; ou seja, em um ambiente escuro e calmo, os níveis de melatonina do organismo aumentam, provocando a vontade de dormir.

Outra função atribuída à melatonina é a de antioxidante e de forte atuante nas questões neurológicas. E um estudo recente, divulgado pela universidade russa de Tyumen, atestou ainda que a melatonina ajuda especialmente aos idosos – regulando o ritmo circadiano (cada período de 24 horas que controla o ciclo biológico do organismo, como digestão, temperatura corporal, vigília e sono) e, muito importante, reduzindo a pressão arterial.

Outros usos

A melatonina suplementar também tem sido usada pelos médicos no tratamento de certos tipos de enxaqueca, em distúrbios depressivos, como um coadjuvante no tratamento antitumoral e até antimetastático (no acompanhamento de câncer), como um poderoso agente limitador das lesões pós-isquêmicas, em doenças metabólicas, síndrome do ovário policístico.

Segundo especialistas, a ausência ou redução na produção de melatonina poderia provocar distúrbios e influir até na obesidade. “Com a idade avançada, a produção de melatonina é reduzida no organismo – e é um dos momentos no qual pode-se fazer a complementação”, explica Maurício da Cunha Bagnato, pneumologista e integrante da Unidade de Medicina do Sono do Hospital Sírio-Libanês em São Paulo.

Tem contraindicações?

A prescrição de melatonina sintética deve ser realizada por um profissional que conheça bem essa droga – por causa dos efeitos que ela causa e também pela dosagem. “Sempre é bom lembrar que a melatonina é um hormônio que atua em muitos sistemas. É contraindicada em doenças autoimunes (como doenças reumáticas) e em alguns tumores (como os linfomas), por exemplo”, lembra Bagnato.

E por que não é vendida nas farmácias do Brasil?

A venda de frascos de melatonina é liberada em muitos países – e o comércio em farmácias, nesses lugares, como nos Estados Unidos, não depende de receita. No Brasil, no entanto, não há melatonina à venda (ela é permitida, importada, desde que para uso pessoal e não para revenda).

Questionada sobre a atual situação da venda de melatonina no país – já que muitas pessoas estão usando comprimidos trazidos do exterior, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informa em nota que a melatonina não está registrada no Brasil, mas que pode ser se alguma indústria farmacêutica manifestar interesse. O que não teria acontecido até agora.

Especialistas acreditam que talvez isso não aconteça por ser um medicamento muito barato para compensar os investimentos.

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

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