Entenda quando vale a pena interromper a menstruação

25 de outubro - 2018
Por: Equipe Coração & Vida

Por Thassio Borges

Ainda que conte com auxílio profissional, parar de menstruar ou não deve ser uma decisão particular de cada mulher. É preciso levar em consideração seus hábitos, suas necessidades e seu quadro clínico, principalmente porque os riscos e benefícios da interrupção nem sempre são claros. Essa intervenção é feita por meio do hormônio progesterona, e sempre com acompanhamento médico.

De acordo com o ginecologista Renato Kalil, diretor clínico da Clínica Ginecológica e Obstétrica Kalil, a interrupção da menstruação atualmente é sugerida especialmente para alguns grupos de mulheres, ainda que a técnica não esteja restrita a eles.

Parar de menstruar pode ser útil no caso de endometriose, por exemplo - Foto: Shutterstock
Parar de menstruar pode ser útil no caso de endometriose, por exemplo – Foto: Shutterstock

“Parar de menstruar é indicado principalmente para mulheres com fluxo menstrual aumentado ou com um tipo de transtorno pré-menstrual (TPM) incapacitante, de alto incômodo. Também é recomendável para atletas e mulheres que desenvolvem anemia quando sangram”, esclarece.

Além disso, o especialista chama a atenção para os benefícios de interromper o fluxo menstrual mensal quando há endometriose. De acordo com ele, a endometriose pode ser definida como a patologia do século no que diz respeito especificamente às mulheres.

“E qual é o tratamento disso? É a mulher não menstruar. Quanto mais ela menstrua, mais esse sangue volta pelas trompas. E se ela tiver geneticamente a propensão, associada ao aumento do stress no cotidiano, a chance de desenvolver endometriose é alta”, complementa Kalil.

Tire suas dúvidas sobre a endometriose

Riscos

Os principais riscos de parar de menstruar são por causa dos hormônios. Conforme explica o ginecologista, usar anticoncepcional, ainda que em baixa dose, traz riscos para o desenvolvimento de trombofilia, conhecida popularmente como trombose.

Quando associado a hábitos como tabagismo, por exemplo, o risco de fenômenos tromboembólicos (trombose, AVC, embolias) aumenta. Além disso, quando os anticoncepcionais ou hormônios, de forma geral, são administrados pela boca (via oral), aumenta-se também os efeitos colaterais a eles relacionados.

Isso porque, nesse tipo de administração do medicamento, ocorre uma passagem dupla pelo fígado. A primeira serve para “quebrar” o remédio e permitir que ele entre na circulação. Na segunda passagem, o objetivo é metabolizar a substância e excretá-la posteriormente pelo rim ou intestino.

Ainda de acordo com Kalil, as pílulas mais modernas para interromper a menstruação não são compostas por estrógeno e progesterona. A composição atual considera apenas a progesterona, e isso é essencial para diminuir os riscos associados aos medicamentos.

“Quanto menor a dose [de hormônio], menor o risco. Quanto mais se evitar o uso de estrógeno, menor será o risco. Os melhores métodos são compostos por progesterona contínua, em doses baixas”, explica o médico. Como a via oral já não é mais recomendada, recomendam-se outros métodos, como, por exemplo, o intravaginal.

O próprio risco de trombose diminui quando se opta pelas pílulas (ou demais tratamentos) compostas apenas de progesterona, sem estrógeno. Tudo, no entanto, deve ser usado com cautela e conhecimento, a partir do auxílio de um médico especializado no assunto.

Gravidez

Kalil também rechaça possíveis efeitos da interrupção da menstruação com a vontade futura da mulher de engravidar. De acordo com ele, o uso prolongado de pílulas apenas com progesterona não impede a ovulação.

“Essa é a vantagem. O ovário não para de trabalhar. A única coisa é que o útero, o endométrio, não ‘espessa’, e com isso não há sangramento. [A interrupção] não interfere em nada. Pelo contrário, a mulher fica mais protegida para uma futura gestação. Sem sangrar, a mulher não terá endometriose. Consequentemente, não terá nada que prejudique a trompa no momento em que desejar engravidar”, finaliza.

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

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