Está planejando engravidar só depois dos 35 anos? Veja o que precisa considerar

21 de agosto - 2017
Por: Equipe Coração & Vida

Antigamente as mulheres tinham filhos ainda adolescentes e, por uma questão cultural, esse comportamento mudou. É cada vez mais comum que elas se tornem mães em uma idade que, em outra época, já estariam com filhos adolescentes.

Antes de tomar a decisão de engravidar mais tarde, porém, é preciso estar ciente que adiar a gestação para depois dos 35 implica em alguns problemas, inclusive na queda da fertilidade.

Isso não significa que postergar a gravidez é sinal de que tudo dará errado, afinal, os problemas acontecem com uma pequena parcela dessas mulheres. O fato é que há, sim, uma diminuição na fertilidade que pode causar dificuldade para engravidar, além da associação de outros problemas, como o risco aumentado para endometriose e miomas.

Foto: Shutterstock
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A ginecologista Alessandra Bedin, do Hospital Albert Einstein, explica que embora a fertilidade comece a cair a partir dos 35 anos, a diferença significativa acontece em torno dos 40 anos.

“Caso a mulher não consiga engravidar, até os 37 anos há melhores resultados em Fertilização In Vitro ou Inseminação artificial, mas nada impede uma mulher saudável tentar fazer os procedimentos mais velha”, explica.

A dificuldade para engravidar acontece porque as mulheres já nascem com a quantidade de óvulos que vai usar durante a vida toda. Quando chega aos 35 anos, a quantidade cai muito rápido. “Essa queda vem associada a riscos: de ter malformações e consequentemente abortos”, alerta a ginecologista Milca Chade.

O risco de aborto, de acordo com Alessandra, também aumenta a partir dessa época e se intensifica depois dos 40 anos, bem como os riscos genéticos de o bebê ter síndrome de Down. A incidência de miomas e endometriose, que podem atrapalhar a gravidez, também começa se elevar a partir dos 30 anos, sendo maior depois dos 40.

Reserva ovariana e congelamento de óvulos

Para quem quer ser mãe – mas não agora – há a possibilidade de congelar óvulos. Um bom parâmetro indicativo da fertilidade é o exame de reserva ovariana, que dá uma ideia ao médico de quanto tempo de vida fértil aquela mulher tem.

Se o resultado do exame não for muito animador, Alessandra recomenda estimular a ovulação, captar esse óvulo por meio de um procedimento simples que só exige sedação, e congelá-lo para uso futuro.

“As taxas de gravidez usando óvulos descongelados são boas, embora ainda seja uma coisa recente. É claro que não é a mesma coisa que um óvulo fresquinho”, brinca ela.

Essa técnica, porém, congela os óvulos da mulher em uma idade em que eles apresentam boa qualidade – de 30 a 35 anos, afastando os riscos genéticos que acompanhariam os óvulos em uma idade mais madura, como depois dos 40 anos.

Se a mulher tem histórico na família de menopausa precoce, aquela que acontece antes dos 48 anos, é importante fazer esse exame ainda jovem, para poder decidir com o médico sobre as possibilidades de gravidez tardia e congelamento de óvulos.

Milca Chade explica que se manter saudável, não fumar, não ser obesa e ter uma alimentação equilibrada contribui para conseguir engravidar mais fácil, porém nada disso impede na queda dos óvulos que acontece pela idade.

A fertilidade começa pela boca

A boa alimentação é importante para quem quer engravidar depois dos 35. De acordo com a nutróloga Letícia Fontes, as necessidades nutricionais das mulheres nessa idade não mudam, mas alguns alimentos podem ajudar nas dificuldades para engravidar.

Veja abaixo quais vitaminas são necessárias para dar uma força na fertilidade:

Ácido fólico: a vitamina B9, também conhecida por ácido fólico, é popular entre quem quer engravidar ou está nos primeiros meses de gestação, já que não protege só contra malformações do tubo neural do bebê, mas também aumenta as chances de gravidez. “Vegetais verde-escuros têm uma quantidade grande de ácido fólico, mas é possível tomar suplementos também”, explica Letícia.

– Ômega 3: importante para a formação do bebê, esse ácido graxo essencial ajuda muito no processo de fertilidade, segundo Letícia. “É uma substância que não produzimos, então precisamos de fontes de ômega 3, como sardinha e atum”, recomenda.

– Vitamina A: de acordo com a nutróloga, a vitamina A é muito importante para ajudar na fertilidade. Ela pode ser encontrada em leites e ovos, por exemplo.

– Vitamina D: somente pela alimentação é difícil repor a vitamina D, já que envolve o hábito de tomar sol. “É preciso tomar sol diariamente para produzir vitamina D, tanto para formação do bebê como para a fertilidade. Quase todas as nossas células têm receptores para vitamina D, por isso ela nem é considerada exatamente uma vitamina, mas sim um hormônio”, explica Letícia.

“Hoje a população tem uma deficiência muito grande. Precisamos do sol ou de suplementação de vitamina D, porque garantir só pela alimentação é muito difícil.”

Além disso, Letícia recomenda evitar alimentos industrializados e com muitos conservantes, bem como o excesso de sódio. “Eles atrapalham no processo de fertilidade para quem já tem alguma dificuldade. E na gestação também é ruim, porque a mulher acaba retendo muito líquido”, alerta.

O excesso de peso também pode provocar resistência insulínica. “Picos de insulina e dieta rica em carboidratos e açúcares podem prejudicar a fertilidade”, alerta Letícia. “De modo geral, ter uma alimentação mais saudável e mais balanceada pode ajudar a mulheres com sobrepeso a perder peso”, recomenda.

A ginecologista Alessandra Baldin explica que a obesidade interfere nos hormônios femininos, o que leva a problemas na ovulação. Ela ressalta que é preciso investigar se é a obesidade que está causando a dificuldade de engravidar ou se outros problemas – como na tireoide – foram os que provocaram a obesidade e, por sua vez, estão atrapalhando a concepção.

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

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