Quando o estresse vence as resistências do corpo

29 de abril - 2015
Por: Equipe Coração & Vida

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Paula Rosa

No início é apenas um instinto de sobrevivência, uma defesa natural. O corpo emite sinais de que algo precisa ser feito para reorganizar e reequilibrar a integridade do organismo. É assim que o estresse aparece no ser humano: um mecanismo que libera uma série de mediadores químicos, como a adrenalina, ao se deparar com situações de ameaça, de pavor.

A psicóloga Vivian Stipp, colaboradora do Hospital das Clínicas da FMUSP, explica que, nesse contexto, o estresse é algo natural, orgânico, desencadeado na área límbica do cérebro, responsável por controlar as emoções.  “Frente a uma situação estressante, essa área é acionada e o organismo se prepara para uma defesa que pode ser através de três reações básicas: fuga, ataque ou congelamento”, afirma.

Dívidas, trânsito, filas, pressão no trabalho, problemas de relacionamento conjugal ou com amigos, frustração, ameaças constantes, competitividade pessoal e profissional, escassez de tempo para atividades pessoais, baixa autoestima, pressão e ansiedade. Todos esses aspectos que alteram a rotina podem desencadear o estresse. O problema, segundo a psicóloga, é quando a resposta do corpo a essas situações fica automática, exigindo dos órgãos uma reação física contínua. Trata-se da segunda fase do estresse, a resistência. “Sabe quando o alarme de um carro dispara toda hora, sem ter ninguém tentando roubá-lo e nos faz ter um esforço desnecessário? É o excesso e a constância dessa situação de alarme no organismo que acaba prejudicando os órgãos”, relata Vivian.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) já qualificou o estresse como síndrome e mal do século passado. Segundo dados da própria entidade, o estresse e os problemas relacionados a ele já atingem 90% da população mundial. No Brasil, o índice chega a 70%.

O músico brasiliense Bernardo de Oliveira faz parte dessa estatística. Durante cinco anos ele se dividiu entre dois trabalhos: de dia atuava como consultor de informática e à noite e nos fins de semanas, cantava nos bares e casas de show em Brasília. A dualidade profissional entre a segurança de um emprego fixo e a paixão pela música desencadeou uma crise de estresse que só foi diagnosticada após um choro compulsivo. “Acordava exausto, irritado, com dores pelo corpo e atribuía isso à minha rotina corrida. Um dia liguei para minha esposa e tive uma crise de choro. Estava em pânico, não conseguia sair do carro, fazer e nem pensar em nada”, conta o músico que, com a ajuda de psicólogo e o apoio da família, mudou hábitos, saiu da crise e hoje controla o estresse. “Tem um ano que só vivo de música e não é fácil quando você transforma um hobby em profissão. Minha rotina continua sendo muito corrida e estressante, mas muito prazerosa”, finaliza o músico.

Preste atenção nos sinais

Quando o limite do organismo é ultrapassado e já não há uma reação aos problemas, o estresse chega a sua terceira fase: a exaustão. É quando os sinais de cansaço começam a afetar a imunidade, propiciando o aparecimento de doenças como: alergias, gastrites, enxaquecas, dores musculares, nas costas, na região cervical, alterações de pele, queda de cabelo e até males mais graves como hipertensão arterial e crises de angina do peito que podem levar ao infarto do miocárdio.

“No estômago, por exemplo, o estresse pode desencadear diminuição do fluxo de sangue que, se for constante, pode provocar falta de oxigenação nas mucosas e morte de algumas células, abrindo intervalos e permitindo a ação do suco gástrico no próprio estômago, gerando a gastrite”, exemplifica Vivian Stipp.

No entanto, antes de chegar ao limite do desgaste, o corpo emite sinais claros de que algo não vai bem. São pedidos de socorro que precisam ser considerados. “A pessoa sente palpitações, uma agitação que não é natural e começa a perceber que às vezes isso acontece só dela pensar em alguma coisa que faz parte do seu cotidiano. A frequência em quem isso acontece é um sinal de que algo precisa ser feito”, alerta a psicóloga.

Outros sinais que podem indicar uma crise de estresse são: insônia, distúrbio alimentar, dificuldade de concentração, relacionamento, irritabilidade constante, tensão muscular, mudança de apetite, alterações de humor, palpitações, ansiedade, cansaço, fadiga extrema e dores de cabeça.

Em mais uma reportagem do Coração & Vida sobre estresse, psicóloga fala que identificar e tratar as causas do problema pode ser essencial para a recuperação. Confira:

Mudar hábitos pode minimizar o estresse do dia a dia

 

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

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