Fevereiro roxo: mês de conscientização sobre lúpus, fibromialgia e Alzheimer
Fevereiro é o mês de conscientização sobre lúpus, fibromialgia e Alzheimer, conhecido por fevereiro roxo. Mesmo distintas, são doenças crônicas e requerem acompanhamento médico que, quando não é feito com regularidade, a qualidade de vida de quem tem essas condições pode ser prejudicada.
Saiba mais sobre cada uma das doenças e como é feito o tratamento:
Lúpus: autoimune, o lúpus é uma doença que atinge mais mulheres entre 15 e 45 anos. Por ter sintomas amplos, nem sempre o diagnóstico é fácil. Fadiga, febre, perda de apetite, úlceras na boca, emagrecimento, dores articulares e até manchas vermelhas nas maçãs do rosto fazem parte da gama de sintomas da doença.
Por essa razão, consultar um médico no caso desses sintomas é fundamental, pois o especialista conseguirá avaliar e investigar muitas causas, incluindo a possível presença do lúpus.
Para tratar, o médico pode lançar mão de anti-inflamatórios, corticoides ou imunossupressores, já que o lúpus é uma doença autoimune, que é quando o sistema imunológico ataca – por engano – os órgãos do corpo.
Fibromialgia: Luiz Scocca, psiquiatra do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) conta que a fibromialgia é normalmente um diagnóstico de exclusão, quando os exames de imagem e laboratoriais não identificam uma possível causa. “É quando o médico procura uma causa para os sintomas e não encontra. Mas a dor persiste”, diz. Até o momento, a ciência não sabe o que pode causar a doença.
Para facilitar o diagnóstico, os médicos mapearam pontos específicos do corpo em que os portadores de fibromialgia relatam sentir mais dores.
Caracterizada por dores intensas e generalizadas, além de fadiga e insônia, a fibromialgia pode também provocar sensibilidade nas articulações, nos tendões e nos músculos. Frequentemente também está relacionada a transtornos ansiosos e depressivos, explica Scocca.
“A maioria dos medicamentos usados no tratamento da fibromialgia é de uso psiquiátrico, mas o tratamento é multifatorial. É feita toda uma orientação para que o paciente também faça atividade física, fisioterapia, terapia ocupacional, além de psicoterapia”, explica. Além disso, podem ser prescritos analgésicos para o alívio da dor.
Consultar um médico no caso de dores inexplicáveis que não se resolvem é fundamental para que o especialista investigue as causas e consiga conduzir o tratamento, melhorando grandemente a qualidade de vida do paciente.
Alzheimer: o neurologista Fábio Porto, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) explica que o Alzheimer é a principal causa de demência em idosos. “Degenerativa, ela é causada por um acúmulo anormal de duas proteínas – beta amiloide e tau. A primeira proteína sabemos que a pessoa acumula décadas antes de ter os sintomas. Quando chega um determinado momento, passa a acumular a tau, e essa mata o neurônio, e a pessoa vai perdendo a cognição”, explica.
Erra quem pensa que o Alzheimer é uma doença nova. “Antes as pessoas não tinham Alzheimer pois morriam ainda jovens de infecções, de câncer, de doenças cardiovasculares. Mas aquelas pessoas mais velhas eram chamadas de ‘esclerosadas’. Só mudou de nome”, explica o médico.
Com o tratamento de muitas doenças simples que antes matavam, a população vive mais anos do que antes e, com isso, há mais casos de Alzheimer. “O risco é maior a partir dos 65 anos, e vai dobrando a incidência a cada cinco anos”, explica Porto.
O tratamento é feito com uma medicação diária, que aumenta um neurotransmissor cerebral que tem a ver com a memória, cognição e atenção. “O medicamento deixa a progressão da doença mais lenta”, diz o neurologista.
Por isso, idosos que notaram uma redução desproporcional da memória recente – aquelas de poucos dias – e têm notado algum tipo de confusão ou dificuldade de lidar com as finanças, o ideal é procurar um médico e relatar os sintomas.
Para os mais jovens, a palavra é a prevenção, pois ela pode diminuir os riscos de desenvolver Alzheimer no futuro. “Fazer atividade física, ter reserva cognitiva, como alta escolaridade, aprender coisas novas e manter a mente ativa, além de controlar o risco cardiovascular não fumando, fugindo do sedentarismo, controlando o diabetes e a pressão alta são medidas protetoras”, detalha Porto.
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Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo