Suzane G. Frutuoso 

De tempos em tempos, algum alimento ou ingrediente se torna a estrela da vez no quesito saúde. A do momento é a cranberry, fruta originário da América do Norte que se tornou recomendação frequente de especialistas, principalmente no combate a infecções urinárias, conhecidas também como cistites.

Ela não é unanimidade. Muitos médicos ainda não acreditam 100% no milagre da frutinha vermelha e defendem que ideal mesmo é manter sempre a alimentação equilibrada, exercícios físicos e uma rotina de exames e consultas em dia.

No entanto, estudo da Universidade Rutgers, revelou que uma substância chamada de proantocianidina, presente na cranberry, impede que bactérias se fixem nas paredes do trato urinário e se reproduzam. Ela é 15 a 25 vezes mais potente do que a vitamina E e poderia evitar quadros de infecção. A fruta também é rica em flavonoides, famosos pela ação antioxidante e por regular o cortisol, hormônio do estresse, que também reduzem o colesterol ruim, ajudando a prevenir problemas cardiovasculares.

Se não bastasse, a cranberry é fonte de vitamina C, que retarda o envelhecimento e até ajuda a evitar certos tipos de câncer. Há urologistas que consideram o fruto na prevenção do câncer de próstata. Cientistas indicam que a cranberry também combate a fixação de bactérias que causam placas bacterianas nos dentes e as que se instalam na mucosa estomacal, evitando gastrites.

Indicações e contraindicações

A indicação médica tem sido o suco de cranberry, encontrado em caixinhas nos supermercados. Com o consumo de 200 ml por dia, durante um mês, os benefícios já aparecem. Uma série de estudos publicados em 2010 e 2011 no American Journal of Clinical Nutrition e no The Journal of Nutrition apontaram benefícios significativos com aproximadamente 400 ml da bebida por dia.

Mas atenção: o excesso pode causar desarranjo no intestino. Pacientes com diabetes também devem moderar a ingestão devido à frutose. Seu efeito estende o tempo de permanência no organismo de medicamentos que retardam a coagulação do sangue, o que pode aumentar o risco de hematomas e sangramentos.

Por fim, a cranberry diminui a velocidade em que o fígado metaboliza certos remédios, aumentando efeitos colaterais. O consumo em cápsula é outro tipo de recomendação bem recorrente entre os especialistas.

O que diz a área de nutrição

A nutricionista Tatiana Ponte afirma que a moderada quantidade de vitamina C da cranberry diminui a formação de radicais livres, responsável pelo envelhecimento. “A quantidade de antioxidantes também é apreciável, fonte de flavonóides, que mostram benefícios na saúde cardiovascular, sistema imunológico e como agente anticancerígeno”, afirma.

Tatiana ressalta que a cranberry, de fato, é indicada contra infecções de repetição do trato urinário. Luteína e zeaxantina são outras substâncias encontradas na fruta, que atuam na proteção dos olhos. Além de sucos, a cranberry pode ser acrescentada em receitas, sendo que uma das dicas da nutricionista é misturar ao arroz ou na massa do bolo.

Elas aprovaram

A analista financeira Isis Ribeiro, 28 anos, começou a tomar cápsulas manipuladas com cranberry há um ano e meio. A recomendação veio de sua ginecologista para prevenção contra infecções urinárias. No início de 2014, ela também ingeriu compostos da frutinha em sachês, durante 40 dias. O conteúdo de cada envelope é dissolvido em meio copo d’água.

Isis notou um efeito melhor com os sachês. “Fiquei aproximadamente quatro meses sem infecções, que eram bem reincidentes”, diz. “A médica já pediu para voltar a tomar. Parei e tive uma pequena infecção neste período.” A caixa com 30 sachês custa, em média, R$ 50. “Mas por evitar o problema, acredito que compensa acrescentar a cranberry na dieta, sim.”

Recomendação médica também foi o que levou a empresária Alexandra Santos, 37 anos, a consumir as cápsulas com cranberry. “A ginecologista indicou. Estava com cistites constantes e nenhum exame apontava bactérias a serem combatidas”, diz. A especialista considerou que poderiam ser bactérias mais fracas, mas incômodas e que a ingestão de cranberry possivelmente ajudaria a resolver.

Desde então, Alexandra toma dois comprimidos por dia com o composto. “Nunca mais tive infecção.” Por cada pote com 300 cápsulas ela paga cerca de R$ 100 em farmácias de manipulação específicas. “Não é tão fácil de achar”, completa a empresária