Glúten: mocinho ou vilão?

30 de dezembro - 2014
Por: Equipe Coração & Vida

gluten

Milla Oliveira

Quando ingeria pães, bolachas e massas, a professora de inglês Carla Franção, 35, sentia imediatamente desconforto abdominal e inchaço. Hoje, frequentando um nutrólogo, Carla descobriu que tem sensibilidade ao glúten, uma proteína presente nos cerais como trigo, centeio e cevada.

O problema é mais comum do que se imagina e gera polêmica entre adeptos da dieta sem glúten e especialistas em nutrição. Isso porque, ao contrário de Carla Franção, muita gente que não possui nenhum tipo de problema com a proteína adere a este tipo de alimentação sem orientação médica.

“A retirada do glúten da dieta deve ser feita apenas nos casos de doença celíaca ou outros tipos de intolerância ao glúten”, alerta a nutricionista Iara Lewinski, do Ganep, Grupo de Apoio à Nutrição Humana. A especialista afirma que eliminar a substância sem orientação pode ser perigoso, pois algumas doenças só são detectadas com a presença da proteína no organismo.

Segundo o Ganep, na verdade, o prejudicial e tóxico ao intestino do paciente intolerante ao glúten são partes da proteína que recebem nomes diferentes para cada cereal: no trigo é a gliadina, na cevada é a hordeína, na aveia é a avenina e no centeio é a secalina. Para estas pessoas, o glúten agride e danifica as vilosidades do intestino delgado e prejudica a absorção dos alimentos.

Essa intolerância pode ser um distúrbio congênito conhecido como doença celíaca, que prejudica a digestão das proteínas vegetais derivadas do glúten, presentes em cereais amplamente utilizados na composição de alimentos, medicamentos, bebidas industrializadas, e outros produtos. Dados divulgados pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) com base em uma amostra de três mil voluntários indicam que a patologia atinge um em cada 214 paulistanos.

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A nutricionista do Ganep explica que os sintomas da doença celíaca aparecem geralmente na infância, podendo, entretanto, surgir em qualquer idade, inclusive na adulta.  “Diarreia, esteatorréia, dor abdominal, distensão abdominal, vômitos, edema e perda de peso são os principais sintomas da enfermidade, que é autoimune e afeta o intestino delgado, interferindo diretamente na absorção de nutrientes essenciais ao organismo”.  O tratamento  consiste em uma dieta totalmente isenta de glúten.

No entanto, nem todo indivíduo com sensibilidade ao glúten é necessariamente um celíaco. Nos intolerantes não celíacos, o organismo é incapaz de tolerar a substância e desenvolve uma reação adversa que normalmente não leva a danos no intestino delgado, informa a nutricionista do Ganep. Além disso, os indivíduos podem apresentar melhora significativa com a exclusão da proteína da dieta.

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