Homens ainda têm poucas opções de contraceptivos

24 de fevereiro - 2016
Por: Equipe Coração & Vida

A responsabilidade pela contracepção não é do homem nem da mulher, mas sim do casal. Ainda assim, os homens não dispõem de um medicamento anticoncepcional ou de alguma técnica de reversão fácil como as mulheres.

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A pílula, que trouxe mais liberdade sexual para as mulheres, ainda é algo distante da realidade masculina. Isso porque é praticamente impossível zerar com um medicamento a gigantesca quantidade de espermatozoides produzida diariamente (mais de 100 milhões).

“Como a produção de espermatozoides é na ordem de milhões ao dia, esses medicamentos teriam que garantir de forma efetiva e segura que não haveria espermatozoides suficientes no sêmen para engravidar as parceiras. É difícil bloquear todos”, explica o urologista Fernando Lorenzini, membro da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).

Foto: Shutterstock
Foto: Shutterstock

Segundo Lorenzini, foram realizados vários estudos utilizando o bloqueio hormonal da produção de espermatozoides, mas o método possui efeitos colaterais indesejados, como a supressão da produção natural de testosterona. ”Isso, a longo prazo, pode atrofiar os testículos.”

O que sobra é o preservativo, o coito interrompido – com altíssimo risco de falha – e a vasectomia.

“O coito interrompido tem índice de falha muito alto e não deve ser utilizado. Já o preservativo é um método muito prático, de fácil utilização, mas que requer alguns cuidados para que não rompa ou que não fique dentro da vagina”, ressalta o médico.

A opção da vasectomia, que é mais invasiva, por se tratar de uma cirurgia, é atualmente a única alternativa de contracepção de longo prazo, mas é um procedimento um tanto radical para quem não tem certeza se quer ou não ter filhos no futuro.

A cirurgia deixa o homem estéril, pois interrompe a passagem dos espermatozoides pelo canal deferente, que é o duto responsável por armazenar e levar os espermatozoides até a uretra.

A vasectomia pode ser revertida, mas os médicos recomendam que o procedimento só seja realizado caso o paciente esteja convicto de que não quer mais filhos, porque a reversão pode não ser bem sucedida.

“É possível sim reverter a vasectomia, utilizando-se técnicas de microcirurgia. Os índices globais de sucesso são de 30 a 80%, dependendo do tempo transcorrido entre a cirurgia e a reversão, do tipo de técnica da vasectomia, das condições individuais de cada paciente e também da habilidade do urologista. Existem relatos de reversões de vasectomias realizadas há mais de 25 anos que deram certo”, diz Lorenzini.

Novas técnicas

O futuro pode trazer mais opções de contracepção para os homens, pois algumas técnicas novas já estão em estudo.

Uma ONG americana de pesquisa médica divulgou que começará a experimentar neste ano em seres humanos o medicamento Vasalgel, uma injeção contraceptiva para homens.

Trata-se de uma solução gelatinosa injetada no aparelho reprodutor masculino para bloquear a passagem dos espermatozoides. A solução promete funcionar a longo prazo e de forma reversível.

Uma outra técnica tem sido estudada na Indonésia, na Universidade de Airlangga em Surabaia. Os pesquisadores da universidade avaliam se uma planta, conhecida como gendarussa, é capaz de interromper os processos de fertilização, impedindo que os espermatozoides liberem uma enzima capaz de romper a barreira do óvulo. Ela seria ingerida em forma de pílula.

Como essas alternativas ainda não estão disponíveis, os homens estão recorrendo cada vez mais à vasectomia. Prova disso é que o número de cirurgias feitas no Brasil pelo SUS cresceu 300% entre 2001 e 2013. 24 mil homens fizeram o procedimento em 2013, contra 7,7 mil que recorreram à vasectomia em 2001.

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

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