Homens ainda ignoram ameaça do HPV

12 de agosto - 2014
Por: Equipe Coração & Vida
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Maioria dos homens desconsidera os riscos da doença / Foto: Shutterstock

Suzane G. Frutuoso

O HPV (papalomavírus humano) causa câncer de colo de útero em 500 mil mulheres anualmente no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). É a mais comum das doenças sexualmente transmissíveis e estudos indicam que cerca de 80% da população feminina com vida sexual ativa será infectada por um ou mais tipos do vírus. No total, são mais de cem e é bom que se diga que nem todos são cancerígenos.

Como em boa parte dos casos o vírus demora anos para se manifestar, muitas pessoas nem desconfiam que carregam o HPV – inclusive os homens. A maioria deles desconsidera que também pode adoecer, além de transmitir o vírus para as parceiras. Os tipos de câncer que os atinge a partir do HPV são os de garganta, pênis e ânus. Estima-se que 20 milhões de pessoas de ambos os sexos e em igual proporção estejam contaminadas no Brasil, aproximadamente 11% da população.

A falta de informação correta é o grande obstáculo. “Fala-se de câncer de colo do útero, mas muito pouco de câncer anal, de orofaringe (língua e amigdala), de pênis”, diz a bióloga Luisa Lina Villa, coordenadora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia das Doenças Associadas ao Papilomavírus (INCT-HPV), mais conhecido como Instituto do HPV.

“Pior ainda. Muitos afirmam que o homem só transmite, mas não desenvolve patologias causadas por HPV”, ressalta a cientista, que também é professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Luisa afirma que os homens sabem das verrugas genitais e do potencial de transmissão nas relações, mas como elas são eliminadas rapidamente, não dão valor.

A manifestação do HPV no homem é diferente da que ocorre na mulher. Mesmo infectado, ele pode não apresentar nenhuma verruga nas partes íntimas, um dos indícios do problema. Apesar de nenhuma lesão visível, existirá a contaminação das parceiras se não houver o uso do preservativo. Ainda assim, o contato com a região não protegida pela camisinha permite ao vírus se instalar no organismo do outro. Bom lembrar que o HPV é transmitido também por sexo oral e anal. Por isso, a possibilidade de câncer de garganta e ânus.

A enfermidade costuma provocar coceira e, eventualmente, sangramento. O diagnóstico do papalomavírus humano na população masculina é feito pela observação das verrugas. Se estiverem imperceptíveis a olho nu, o urologista poderá, através de uma peniscopia, aplicar uma solução na região genital que ajuda a destacar as lesões para um exame com lupa. Já em caso de suspeita de HPV, é realizada uma pequena raspagem (indolor) no local e o material colhido é enviado para análise em laboratório.

O problema não deve ser encarado de forma simplista nem por homens e nem por mulheres, mas também não há razão para pânico. Hoje, o tratamento contra o HPV é altamente eficaz. Alguns tipos até se curam sozinhos, requerem apenas acompanhamento a cada seis meses. Definida a necessidade de tratamento, o paciente pode ser submetido a pomadas e cremes aplicados em casa ou até cauterização das verrugas em consultório.

Não existe medicamento para combater o mal. No entanto, fortalecer o sistema imunológico com ajuda de alimentação saudável e vitaminas é fundamental para o organismo eliminar o vírus. Todos os postos da rede pública estão preparados para lidar com o HPV gratuitamente.

Polêmica da vacina

Meninas de 10 e 11 anos estão recebendo a vacina contra o papalomavírus humano na rede pública de saúde do país. É um grande avanço, já que cada dose (são três) custa, em média, R$ 300. A faixa etária a tomar gratuitamente a vacina foi determinada pelo não início da vida sexual, o que permite uma melhor ação da substância.

No entanto, são muitas as críticas ao fato da vacina ser restrita às meninas. Um estudo da Universidade de Toronto, no Canadá, publicado na revista científica Sexually Transmitted Infections mostrou que, estendendo a imunização aos meninos, a transmissão do HPV cairia drasticamente no mundo. O principal fator que impede os homens de se vacinarem, porém, é não enxergarem conexão entre o vírus e o risco de morte pra eles.

“A vacinação pública contra HPV foca em primeiro lugar as meninas em todo o mundo porque são as mulheres que mais padecem com tumores causados pelo vírus”, diz a bióloga Luisa. “Creio que em breve os meninos também serão vacinados, como já acontece em países como Austrália, Canadá e Estados Unidos.”

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