Humanização hospitalar transforma ambiente médico em local mais acolhedor

19 de janeiro - 2017
Por: Equipe Coração & Vida

Música, artesanato, brincadeiras e um olhar atencioso. Tudo isso faz parte da rotina da ala de internação do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, localizado em São Paulo, que tem um trabalho intensivo voltado para a humanização hospitalar.

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A rotina nos hospitais é, na maioria das vezes, intensa, principalmente nas áreas de internação, quando pacientes e familiares aguardam por dias, ou meses, por tratamentos que nem sempre levam à cura de suas doenças.

Como transformar esse ambiente médico, que precisa respeitar uma série de normas e protocolos para garantir um espaço seguro, em um local mais acolhedor para os que ali veem suas vidas mudarem?

“Os hospitais já deviam ter nascidos humanizados, pois isso significa aproximar o paciente, sua doença e sua família. Todos se tornam parte do processo e são acolhidos”, explica Filomena Galas, anestesiologista e diretora da Unidade de Terapia Intensiva Cirúrgica do InCor.

Essa é a proposta da humanização hospitalar, tornar o ambiente mais acolhedor para todos os envolvidos, tanto o paciente como seus familiares, além da equipe de atendimento que convive de forma intensa com doenças e histórias de vida diversas.

O InCor vem inovando nesse sentido nos últimos anos, com uma gestão que tem o olhar focado nesse trabalho, que traz resultados tanto para os pacientes como para os profissionais envolvidos.

“Humanização e qualidade têm que andar juntos. Toda a estrutura assistencial e de gestão tem que estar alinhada, para que o paciente se sinta bem e recuperado, e se sinta melhor do que quando foi internado”, destaca Vera Bonato, coordenadora do Grupo Técnico de Humanização do InCor.

Entre os projetos implantados no hospital há os religiosos, de caráter ecumênico (que independe da religião ou crença religiosa do paciente), por exemplo, trazendo uma palavra de conforto em um momento, muitas vezes, delicado e difícil.

Tem ainda o “Música e Memórias” em que artistas, famosos ou não, visitam o hospital com apresentações, levando um momento de descontração para os que ali estão, enchendo os corredores de alegria e esperança.

“Essas atividades funcionam como um intervalo no cotidiano de sofrimento dos pacientes. Buscamos oferecer opções diversas, com foco em tirar as pessoas desse movimento de doença, dor e incertezas que uma internação hospitalar pode causar”, pontua Vera.

As mudanças podem ser físicas, com quartos mais iluminados e que se assemelhem cada vez menos com um ambiente hospitalar, para uma estrutura mais acolhedora e que traga conforto para os enfermos, por exemplo, ou ainda permitir que os pacientes possam levar consigo um objeto que lhe traga conforto, como um brinquedo.

“Tenta-se, pelo menos, desmitificar o espaço físico da UTI, com um ambiente o mais claro possível. Nos leitos das crianças é feita uma decoração com motivos infantis, remetendo à infância, por exemplo”, detalha Filomena.

A estrutura também é pensada para que os familiares e acompanhantes, que também têm suas vidas transformadas por uma internação, seja mais confortável e acolhedora.

“O atendimento precisa ser individualizado para entender à necessidade de cada caso, como a possibilidade de um horário de visita estendido ou a permanência de um acompanhante durante todo o período de internação de um paciente na UTI, principalmente crianças e idosos”, destaca Filomena.

A coordenadora técnica do Grupo Técnico de Humanização alerta ainda que, para que todo esse projeto tenha sucesso, é muito importante cuidar também dos profissionais que atuam nessas áreas, como equipe médica, enfermeiros e auxiliares e atendimento.

“É muito importante cuidar do cuidador, que também é impactado por toda essa rotina hospitalar intensa, desenvolvendo um trabalho de sensibilização, que mostra como cada um tem uma limitação e como o seu fazer afeta o outro. Assim podem estar mais preparados para lidar com as adversidades, entendendo a dificuldade e necessidade do outro”, pontua Vera.

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

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