Infarto do miocárdio: um mal que atinge até crianças e adolescentes

23 de julho - 2015
Por: Equipe Coração & Vida

Saulo Novaes

Costumamos pensar que problemas cardíacos é coisa de adulto, mas crianças e adolescentes também podem sofrer com doenças que afetam o bom funcionamento do coração.

O alerta é da Dra. Nana Miura, diretora do Serviço de Cardiologia Cardíaca Pediátrica e Cardiopatia Congênita do Adulto do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP, após a morte de um adolescente de 16 anos em Santa Catarina, durante um jogo de futebol, em junho passado.

infarto
Foto: Shutterstock

Segundo ela, é possível identificar se uma criança tem propensão a problemas cardíacos, se houver antecedentes familiares de cardiopatias congênitas, doença coronariana, aterosclerose, infarto do miocárdio e morte súbita.

“Os pontos a serem observados são os cuidados com a prevenção do risco cardíaco, mantendo uma dieta adequada e atividade física regular, além da avaliação da curva de crescimento [peso e altura] ao longo da infância”, afirma.

O ocorrido também levanta a questão para outra “crendice” popular, a de que, quanto mais jovem, o infarto é ainda pior.

“Nem sempre é verdade. Os fatores de risco que podem levar a um infarto em jovens são anomalias congênitas de coronárias, aterosclerose, cardiomiopatias hipertróficas, arritmias, uso de drogas [cigarro, álcool, cocaína, crack] e exercícios físicos vigorosos”, afirma a especialista.

A cartilha básica de reconhecimento de sintomas mais comuns de um infarto inclui a dor no peito, sudorese, palidez, náuseas e a perda de consciência, o que não necessita de um profissional capacitado para constatar os indícios.

Nana Miura explica que os jovens podem apresentar cardiopatias congênitas (qualquer anormalidade na estrutura ou função do coração que surge nas primeiras oito semanas de gestação, quando se forma o coração do bebê), como a comunicação interatrial, valva aórtica bicúspide, comunicação interventricular, coarctação de aorta e tetralogia de Fallot*.

“Malformações do coração podem ser provocadas por múltiplos fatores, como doenças genéticas, por exemplo; a síndrome de Down; infecções virais, como a rubéola; e alguns medicamentos, como ácido retinoico, muito utilizado para tratamento de acne”, esclarece a especialista, completando que “um jovem pode adquirir uma cardiopatia na evolução por agentes infecciosos, autoimune [febre reumática, doença de Kawasaki] ou aterosclerose”.

Apesar de parecer assustador se deparar com uma situação onde uma pessoa aparenta sofrer um infarto, mesmo pessoas leigas podem auxiliar nos primeiros socorros, quando não há um profissional treinado por perto.

Segundo recomendação médica, o atendimento necessário é fazer a ressuscitação cardiopulmonar, no caso de parada cardíaca (a massagem é realizada com 100 compressões por minuto de maneira forte e rápida no centro do tórax, com profundidade de cerca de cinco centímetros, sem necessidade de fazer respiração boca a boca).

Enquanto isso, a pessoa que presta esse auxílio deve solicitar que outra chame o serviço de urgência (SAMU ou o Resgate do Corpo de Bombeiros) e, se possível, providenciar um DEA (aparelho desfibrilador externo automático). Essas medidas, quando aplicadas rapidamente, podem ajudar a salvar uma vida.

Mesmo com essas dicas, nada substitui um bom acompanhamento médico e os exames de rotina. Jovens com prática esportiva frequente devem ser submetidos a exames cardiológicos anuais, cuidar da hidratação e ter alimentação saudável.

E aos “atletas de final de semana”, que geralmente têm mais riscos por não ter condicionamento físico regular e ter resposta inadequada ao estresse, o cuidado deve ser maior.

* Tetralogia de Fallot é uma má-formação congênita do coração composta de quatro elementos: 1) Comunicação interventricular – uma comunicação entre os dois ventrículos do coração, esquerdo e direito; 2) Desvio da aorta para a direita, ao sair do coração; 3) Obstrução do ventrículo direito e dificuldade de passagem do sangue para os pulmões; e 4) Hipertrofia ventricular.

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

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