Laqueadura aos 25 anos de idade?
Na última semana, uma jovem brasileira, moradora do Rio de Janeiro chamou atenção nas redes sociais ao decidir compartilhar entrevista que deu à BBC no qual conta como decidiu realizar a laqueadura — método de esterilização feminina caracterizado pelo corte e/ou ligamento cirúrgico das tubas uterinas — aos 25 anos. O procedimento impede que os espermatozoides se encontrem com os óvulos liberados pelo ovário, impedindo, definitivamente, a fecundação.
Por ser um método contraceptivo permanente, a realização do procedimento passa por burocracias. Hoje, de acordo com a Lei de Planejamento Familiar, mulheres consideradas jovens, mas, com pelo menos dois filhos, podem passar pela cirurgia
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A partir dessa idade, as únicas exigências são quanto aos procedimentos que precisam ser seguidos, como intervalo mínimo de 60 dias entre a mulher manifestar a vontade ao médico por escrito, e estar ciente sobre os riscos da cirurgia, possíveis efeitos colaterais, e dificuldade de reversão do procedimento.
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A laqueadura é uma das formas contraceptivas mais seguras que existem, mas, ainda assim, de acordo com a literatura médica, a reversão espontânea da cirurgia pode ocorrer em 0,5% a 1% dos casos. Ou seja, a cada mil casos, 5 mulheres engravidam.
O ginecologista Rony Grabarz explica que nenhum método contraceptivo é 100% seguro, mas que a laqueadura é, sim, uma opção considerada eficaz. “Trata-se de uma cirurgia relativamente simples”, observa o médico.
A cirurgia pode ser feita de três formas: via abdominal, com uma incisão menor que a da cesárea; via vaginal, em que se faz a incisão no fundo vaginal; e via laparoscópica, na qual se fazem três pequenas incisões no abdome.
O especialista explica que a cirurgia não impede a ovulação, e nem interfere no ciclo hormonal feminino. As mulheres continuam menstruando normalmente após o procedimento e não há alteração da libido, como alguns acreditam. Os efeitos colaterais possíveis são inerentes ao risco cirúrgico, como infecção e sangramento.
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Grabarz destaca que a laqueadura é irreversível e precisa ser pensada com cautela. “Há chances de a mulher se arrepender. A cirurgia deve ser muito bem discutida com seu médico, explicando outras formas para evitar uma possível gravidez”, conclui.
Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo