Lúpus: o que é e como tratar
Por Flávia Pegorin
O que você precisa saber
Ainda de causa desconhecida, o lúpus é uma doença autoimune, ou seja, isso acontece quando o próprio sistema imunitário do portador passa a agredir os órgãos do corpo.
Mais prevalente em mulheres jovens, entre 15 e 45 anos, seu componente genético é fundamental, mas o fator de risco conhecido é hormonal, e está relacionado com o hormônio estrógeno – produzido em maior quantidade na fase reprodutiva feminina.
Existem, ainda, os fatores de risco infecciosos (o distúrbio pode se desenvolver após infecções graves ou uso de medicamentos como antibióticos) e os ambientais, quase sempre desencadeados após longos períodos de exposição solar.
Como o lúpus não tem cura, o mais importante é saber lidar com a doença, prevenir seus surtos e a mantê-la em controle pelo resto da vida.
Diagnóstico e tratamento
“Leva-se tempo para diagnosticar o lúpus em razão dos sintomas amplos, relacionados a uma série de outras doenças: febre, cansaço excessivo, perda de apetite, emagrecimento, úlceras na boca, dores articulares, podendo culminar com manchas vermelhas nas maçãs do rosto”, explica Thiago Bitar, reumatologista do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
É sempre aconselhado, claro, consultar um médico especialista de acordo com o tipo de sintoma e órgão afetado. E então o profissional certifica-se da doença e se é o caso de usar antinflamatórios, corticoides, imunossupressores – e como controlar os efeitos benéficos e os efeitos colaterais que possam surgir com os remédios, ajustando doses. “A pele é o órgão mais acometido, mas a doença pode atacar as células do sangue, músculos e articulações, os sistemas gastrointestinal e cardiovascular, podendo ser fatal quando atinge o coração, pulmão e rins”, alerta.
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Cuidados com a pele
As lesões típicas incluem o rash malar (vermelhidão que encobre as bochechas, em formato de asa de borboleta) e o lúpus discóide (forma limitada à pele sem repercussão em outros órgãos), que aparece em forma de placas avermelhadas, bastante inflamadas tanto no rosto, pescoço e couro cabeludo – podendo causar feridas, cicatrizes e até a perda definitiva de cabelo.
Como a pele dos portadores é bastante sensível, principalmente a queimaduras e manchas provocadas pelos raios ultravioletas, a melhor forma de se proteger é cobrir a região afetada e evitar a exposição solar.
É importante lembrar que usar protetor solar diariamente, mesmo que o dia não esteja ensolarado, além de chapéu, óculos escuros e roupas longas, também evita desencadeamentos mais graves como o câncer de pele. Essa dica vale para todo mundo.
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Como levar uma vida ativa
Quando o lúpus é tratado na fase inicial, sem maior comprometimento aos órgãos vitais, os medicamentos garantem o controle da doença. Na prática, a pessoa fica livre dos sintomas e mantém as atividades cotidianas normalmente.
Mesmo assim, as recomendações médicas reforçam os hábitos saudáveis: exercícios físicos regulares, fugir do sol, não fumar, controlar o consumo de bebidas alcoólicas, manter o peso ideal, evitar o uso de anticoncepcionais à base de estrogênio e priorizar uma dieta saudável.
Aposte nos ingredientes ricos em ômega 3, como os peixes (salmão, atum, sardinha e truta) e nos alimentos antioxidantes, como frutas vermelhas e vegetais verde escuros, nozes e castanhas. Investir nas versões orgânicas e integrais e beber bastante água todos os dias são outras boas dicas para auxiliar no controle da doença.
Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo