Maquiagem é brincadeira de criança?
Vamos começar pelo mais importante: criança precisa ser criança e não deve se preocupar em usar maquiagem, em pular etapas do crescimento. Na primeira infância, elas só devem mesmo é se importar em curtir brincadeiras. O caso é que, algumas vezes, a imaginação leva, sim, a pedir pelos produtos que servem “para pintar o rosto”. E então, como lidar com o amor infantil pela maquiagem e outros produtos de beleza?
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Quando a diversão com pó compacto, lápis de olho, sombras, batons, blushes e mesmo esmaltes fica recorrente, é necessário prestar atenção.
“Produtos feitos para pele, cabelo e unhas de adultos podem colocar a saúde das crianças em risco por causa da segurança do uso e da composição química, com conservantes e aromas adicionados”, explica a dermatologista Isabel Martins, de São Paulo.
“Os riscos vão desde dermatite de contato, alergias e irritação até intoxicação devido ao excesso de substâncias ou pela absorção diferente na pele da criança”, completa a especialista.
Os perigos são uma possibilidade, mas muitos pais não acham que pode ocorrer algo grave mesmo. Vários deles não querem acreditar que um batom inocente pode trazer problemas. Alguns liberam até mesmo procedimentos que oferecem riscos para adultos, como o alisamento de cabelos.
O mais comum, no entanto, é “só” permitir aquele uso corriqueiro de algum pó colorido no rosto. Acontece que a pele, assim como muitas partes do nosso organismo, demora anos para se desenvolver até ganhar maturidade.
Nas crianças, a pele é muito fina e sensível, por isso produtos cosméticos ou de higiene que não sejam específicos para o uso infantil podem acarretar alergias e dermatites principalmente.
O uso precoce de maquiagem e esmaltes aumenta bastante a ocorrência desses problemas nos pequenos – e uma alteração pode acontecer logo após o uso, mas os malefícios também podem surgir a longo prazo, até dificultando o entendimento do problema pelos pais e médicos.
Os especialistas sugerem que isso tudo seja muito bem conversado e esclarecido entre pais e filhos; e que a família só permita depois de ter certeza de que o uso não trará gravidade.
Vale também tentar substituições, como colar um adesivo de unhas em vez de usar esmalte ou um protetor labial em vez de batom.
No tom da brincadeira saudável
Se a ideia é permitir à criança usar alguns produtos, os pais devem saber fazer as melhores escolhas, conforme as indicações abaixo:
– Recorra a produtos adequados. Hoje em dia existem opções de produtos feitos para crianças com características hipoalergênicas – e todos devem ter liberação da Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, nos rótulos.
– Os esmaltes, por exemplo, só devem ser usados por crianças se forem feitos à base de água, podendo ser limpos sem a necessidade de qualquer outro produto.
– A maquiagem também deve sair facilmente com água e os perfumes precisam ser sem álcool.
– É muito importante verificar quem é o fabricante e se é empresa confiável.
– Existe muita maquiagem à venda que serve apenas para a criança passar em bonecas, não no próprio rosto. Esteja sempre alerta sobre a diferença.
Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo