Medicina nuclear auxilia diagnóstico de infarto

12 de fevereiro - 2015
Por: Equipe Coração & Vida

nuclear

Milla Oliveira

À primeira vista, o nome da especialidade pode causar certo desconforto por lembrar desastres envolvendo a radioatividade pelo mundo. Porém, a medicina nuclear é uma forte aliada dos cardiologistas no diagnóstico e também no tratamento de doenças coronárias.

A especialidade se caracteriza pelo uso de radiofármacos na identificação ou na terapia de doenças como câncer, infarto e problemas na tireoide. A base desses radiofármacos são materiais radioativos como tecnécio, tálio, flúor e gálio, que são ministrados de forma controlada, em doses pequenas, e sem efeitos colaterais.

Usadas na medida certa, essas substâncias permitem o estudo dos sistemas funcionais do organismo, como explica o primeiro secretário da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), George Coura Filho. “Os radiofármacos fornecem informações sobre a chance de adoecimento daquele paciente e também realizam o acompanhamento de terapias. Você faz um exame e é capaz de detectar áreas mais doentes do organismo”.

No caso da cardiologia, um exame chamado cintilografia avalia como está a chegada do sangue ao coração e isso serve para detectar qual a chance de uma pessoa vir a sofrer um infarto.  “Cerca de 85% das aplicações da medicina nuclear em cardiologia servem para avaliar a quantidade de sangue que chega ao músculo”, explica Claudio Meneguetti, diretor do Serviço de Medicina Nuclear e Imagem Molecular do InCor.

O especialista do InCor também chama a atenção para a evolução que a medicina nuclear trouxe para o tratamento pós infarto. Com os radiofármacos, o cardiologista consegue  decidir se  o paciente irá precisar de um tratamento mais invasivo, como uma cirurgia. As substâncias permitem medir a passagem de sangue pelas artérias e conseguem detectar a atividade de pequenas áreas que não são vistas em outros exames.  “Os remédios evoluíram de tal maneira que muita gente hoje não precisa mais ser operada”, diz.

A medicina nuclear também tem um papel importante para melhorar as condições de quem espera por um  transplante de coração, pois consegue detectar qual paciente corre mais risco de morte, ajudando os médicos a priorizarem os casos mais urgentes. No entanto, segundo Meneguetti, esse prognóstico ainda está restrito às universidades.

Apesar dos avanços do Brasil nessa área, George Coura Filho aponta que o crescimento da especialidade no Brasil ainda é lento, já que o país está cobrindo um déficit histórico em uma área que nunca contou com muito investimento. Segundo o representante da SBMN, o número de procedimentos para cada mil habitantes no Brasil são inferiores a Uruguai e Argentina. “A medicina nuclear está mais acessível hoje, mas ainda precisa crescer mais”.

Compartilhe:

Dúvidas?
Envie sua pergunta para o

RESPONDE

acesse

Notícias Relacionadas: