Médicos e pacientes já se comunicam virtualmente

24 de dezembro - 2015
Por: Equipe Coração & Vida

Imagine a seguinte situação: você tem dúvidas sobre um exame médico e abre um aplicativo no seu celular para conversar com um especialista sem sair de casa. Teoricamente, você teria um médico no seu bolso, disponível para te atender a qualquer momento.

Essa realidade pode não estar tão distante quanto parece. Atualmente, pacientes e médicos têm se comunicado por mensagens de texto e por e-mails, como uma maneira de complementar a consulta feita cara a cara, no consultório.

Foto: Shutterstock
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Pediatras, obstetras e outros especialistas que mantêm um relacionamento mais longo com o paciente costumam ter essa liberdade para trocar informações rápidas por meio desses canais. Os assuntos incluem dúvidas sobre os remédios prescritos, novos sintomas de uma doença e outros temas relacionados ao atendimento que foi feito presencialmente, no consultório.

A prática é muito comum para a analista de comunicação Roberta Cardoso, 26. Sempre que tem dúvidas sobre a saúde da filha de 6 anos procura a pediatra via mensagem de celular. Ela conta que a criança já precisou de assistência médica durante uma viagem e a médica foi contatada por meio de um aplicativo de mensagens.

“Minha filha precisou de atendimento medico de urgência e eu consultei a pediatra para confirmar se um procedimento indicado no hospital era aconselhável.” Contudo, Roberta acredita que a consulta presencial é muito importante e que essas mensagens não conseguem possibilitar um diagnóstico se forem realizadas isoladamente.

O cardiologista Max Grinberg, coordenador do Espaço Proética do InCor, é bastante favorável à ideia desses encontros virtuais entre médicos e pacientes, apesar de acreditar que aspectos éticos dessa nova situação devem ser enfatizados e discutidos, como a não substituição da consulta presencial e a questão da confidencialidade, por exemplo.

“Eu acho que, no futuro, isso estará cada vez mais presente, e a tendência é que se comece a desenvolver como complemento de consulta ou como uma oportunidade de tirar dúvidas, pedir uma orientação. A geração mais nova de médicos já está muito mais acostumada com os eletrônicos, então isso vai ser muito natural.”

Grinberg acredita que o paciente se sente mais seguro com o médico que se coloca à sua disposição, oferecendo o número do telefone celular para contato em qualquer eventualidade.

“O que eu vejo é que o paciente rejeita o médico que não dá o número do celular. Hoje, cada vez mais a ambientação médica é eletrônica, os relatórios são eletrônicos, os exames são tirados na internet, então não dá para negar que houve um avanço nesse sentido.”

Uma pesquisa da Helth On the Net Foundation (HON) com usuários da internet dos Estados Unidos e da Europa apontou que 32% deles já teriam realizado consultas online, embora a pesquisa não tenha distinguido com clareza a busca de informações ou consultas médicas propriamente ditas.

Até o Google chegou a cogitar a criação de um aplicativo para conectar pacientes e médicos por meio de videochamadas na web.  Porém, o serviço que iria oferecer esse tipo de encontro virtual foi tirado do ar pelo próprio Google em abril deste ano, porque não alcançou os resultados esperados pela empresa.

Automedicação

Grinberg considera que essa facilidade na comunicação entre o médico e o paciente tem um outro benefício importante, o de reduzir a automedicação. Isso porque a pessoa que conseguir acesso mais rápido ao seu médico vai se sentir mais segura e reduzir o ímpeto de ir à farmácia comprar um remédio sem prescrição.

“Se a pessoa não se comunicar com o médico, ela pode até tomar um remédio por conta, mas, com a comunicação, irá conseguir uma orientação profissional, desde que respeitados os limites éticos. Acho importante o paciente sentir que carrega o médico em seu bolso.”

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

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