Mito de que mulher não sofre infarto caiu por terra, diz Roberto Kalil
O cardiologista Roberto Kalil esclarece um dos mitos sobre a saúde cardíaca feminina, de que mulher não infarta. “Quase 360 mil pessoas morrem no Brasil [por doenças cardiovasculares] e as mulheres já ocupam 30% dessa população”, alerta. “Aumentou muito a mortalidade de mulheres por infarto e derrame cerebral nos últimos anos.”
Para ilustrar melhor, Kalil explica que 200 mulheres morrem, por dia, no país. “É seis vezes maior do que a mortalidade por câncer de mama.”
De acordo com ele, um dos problemas é que os sinais de infarto na população feminina são mais sutis, o que faz com que elas demorem mais para procurar ajuda médica.
“Na maioria dos casos, a mulher tem menos sintomas que o homem, então quando procura o serviço médico já está com algumas horas de infarto, ou até mesmo um dia ou dois depois de ter infartado”, conta.
“Quando uma pessoa infarta, quanto mais rápido abrir a artéria, quanto mais rápido for o diagnóstico, maior a chance de ela ficar viva e com menos sequelas a longo prazo”, preocupa-se.
Fatores de risco
Via de regra, o hormônio feminino estrógeno protege as mulheres do infarto durante a idade fértil. Com a chegada da menopausa, a chance de sofrer um evento cardiovascular aumenta, então o risco é mais elevado depois dos 50 anos, enquanto nos homens a faixa de atenção já começa aos 40 anos.
“O estrógeno protege quando as mulheres não têm fatores de risco, aumentando o HDL – colesterol bom – e diminuindo o LDL – o colesterol ruim. Essa proteção hormonal acontece desde que ela não tenha os fatores de risco importantes para doença cardíaca”, detalha.
Vários problemas favorecem o aparecimento de problemas cardiovasculares, entre eles o infarto. Colesterol alto, hipertensão arterial, obesidade, sedentarismo, diabetes, abuso de bebida alcoólica, drogas e tabagismo são inimigos do coração.
“A mulher que fuma e usa anticoncepcional tem incidência maior de trombose, de formação de coágulos nas artérias”, alerta.
Dentre todos os fatores de risco, Kalil ressalta os mais importantes: hereditário, hipertensão arterial, obesidade, colesterol alto, diabetes e o famigerado sedentarismo. “O exercício é o elixir da vida. A sua saúde está nos seus pés”, aconselha.
Além disso, o cardiologista faz um alerta para o papel do estresse no desencadeamento de infartos. A mulher que está no mercado de trabalho está sujeita a um estresse maior, além da chance maior de não fazer exercício físico e ter uma dieta irregular, além das funções em casa.
“Muitas vezes o estresse da mulher chega a ser muito maior que o do homem.”
Fazer exames de rotina é importante para afastar o risco e prevenir enquanto é tempo.