Mulheres sofrem mais com infecção urinária

05 de novembro - 2015
Por: Equipe Coração & Vida

Dor, ardência e urgência para urinar. Que mulher nunca passou por isso? Longe de serem normais, esses sintomas podem indicar um problema de saúde recorrente no sexo feminino: a infecção urinária.

Ela ocorre quando uma bactéria entra no sistema urinário e começa a se multiplicar.

Mulheres sofrem mais com infecção urinária
Foto: Shutterstock

As mulheres sofrem mais com essas infecções por causa da anatomia do seu aparelho urinário, que tem uma uretra curta se comparada à uretra masculina – o que favorece a chegada da bactéria na bexiga.

Uma recomendação importante dos médicos é sobre a forma correta de limpeza ao evacuar, passando o papel higiênico no sentido contrário à vagina.

Dependendo do local onde se instala, a infecção urinária pode causar vulvovaginite, que atinge apenas a pele que envolve a vagina; cistite, quando afeta a bexiga; e pielonefrite, que prejudica os rins.

“A maior parte dessas infecções é de origem ginecológica. A mulher, por exemplo, pode ter uma candidíase vaginal, uma vaginite, e é mais fácil que se desenvolva uma bactéria nessa inflamação. Às vezes, o companheiro tem uma inflamação por cândida e passa para a mulher. Nesse caso, tem que tratar a mulher e o homem”, explica o urologista Sami Arap, coordenador do Núcleo Avançado de Urologia do Hospital Sírio-Libanês.

A recorrência da infecção urinária pode incomodar a mulher durante boa parte da vida. Natália Rosa (nome fictício), 31, foi diagnosticada com infecção urinária pela primeira vez ainda na infância e passou por crises de repetição da doença até a idade adulta. As crises se agravaram quando ela iniciou sua vida sexual.

“Eu tinha crises a cada 15 dias. Terminava de tomar antibiótico [tratamento de 7 a 10 dias], passava bem uma semana e pouco, e logo ficava mal de novo. Sentia ardência ao urinar, ardência até sem urinar, vontade de urinar para ver se aliviava o sintoma, mas sem sucesso… e, no auge da crise, dores [na bexiga] até ao caminhar”, contou Natália ao Coração & Vida.

Sami Arap explica que, quando a infecção é recorrente, as causas, além de ginecológicas, podem estar relacionadas à anatomia do aparelho urinário ou a cálculos renais.

“O caráter recorrente sugere primeiro que a gente explore a parte ginecológica. Se a mulher tem uma vaginite, no sexo atrita a vagina em um local pré-contaminado e dá cistite. Outras vezes independe da atividade sexual e vale a pena fazer estudo anatômico do aparelho urinário, com exames de ultrassom. Mas esses não são os únicos motivos. Por exemplo, há alguns tipos de cálculos que são relacionados com infecção urinária.”

Mudança de hábitos

De acordo com o médico, algumas mulheres têm hábitos que facilitam o desenvolvimento das infecções urinárias. Um deles diz respeito à atividade sexual. A mulher precisa urinar após a relação e esvaziar bem a bexiga, além de realizar a higiene íntima. Quando se urina, 99% das bactérias que estavam no trato urinário saem.

“Esse 1% que fica, a bexiga mesmo mata. Se você não urina, não manda embora as bactérias e tem mais chance de infecção”, explica.

O receio de usar banheiros públicos também ajuda na proliferação das bactérias.

“Tem mulher que urina de manhã e só vai urinar de novo à noite. Passa o dia inteiro retendo urina porque não quer usar um banheiro estranho. Isso aí é muito ruim porque os bichinhos que vêm da vagina, da vulva e do períneo entram na bexiga”, diz Arap.

O ideal, de acordo com o médico, é fazer xixi a cada quatro horas.  É possível usar banheiros públicos sem se contaminar, basta ter cuidado. A ingestão constante de água também é fundamental.

Cranberry

Natália descobriu uma maneira de evitar as infecções de repetição. “Depois de muito tomar antibióticos, fui a um médico que me falou que pesquisadores estavam comentando os benefícios do cranberry no trato urinário. Desde então, tomo uma cápsula diariamente, todos os dias da minha vida, e foi a melhor coisa que me aconteceu. Hoje eu devo ter uma ou duas crises por ano.”

Estudos indicam que a fruta norte-americana ajuda a prevenir as infecções, embora não seja considerada um remédio.

O cranberry é rico em uma sustância chamada proantocianidina, tida como mais potente que a vitamina E contra bactérias do tipo E.coli, que aderem à mucosa da bexiga.

“Na realidade, quem toma cranberry tem uma incidência menor de recidiva da infecção. Mulheres que têm repetição e fazem o uso desse suco podem diminuir a frequência da doença. Não é tratamento, mas ajuda a diminuir os episódios de infecção. Hoje em dia o cranberry está à venda em qualquer supermercado”, acrescenta o urologista do Hospital Sírio-Libanês.

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

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