Não atravesse o samba: cuidados com a saúde são vitais no Carnaval
O Carnaval é um feriado para muitos, muitos cuidados com relação à saúde. Mas por quê?
Tudo o que envolve a festa mais tradicional do Brasil está relacionado com o prazer. Prazer de se divertir, estar com os amigos, dançar nas ruas e, sim, até mesmo se entregar à paixão e ao sexo com alguém diferente.
Especial do mês: Quando os homens encontram barreira no sexo…
Vai se divertir no Carnaval? Deixe a camisinha participar da festa
Artigo: Folia sem descuidar da prevenção
Você sabia… Que as mulheres com maior inteligência emocional têm mais chances de orgasmos?
Porém, para que todo esse cenário de alegria e excitação seja mesmo puro deleite, e não uma preocupação dali um tempo, é necessário não se esquecer do sexo seguro.
O médico Otelo Rigato Junior, infectologista do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, ajudou o Coração & Vida a relacionar certos lembretes para essa época.
Vai se divertir no Carnaval? Folião também tem que pensar em:
Sexo com proteção sempre
Muitas doenças podem ser transmitidas pelo sexo. “Mas a grande maioria das doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) podem ser evitadas com o uso da camisinha”, lembra Rigato. HIV, sífilis e todas as uretrites, como gonorreia e clamídia, por exemplo, são evitadas porque sua transmissão depende do contato entre as mucosas – algumas pela presença de secreção, outras por lesões microscópicas que expõem o sangue durante a relação. Preservativo sempre, portanto.
Gravidez indesejada
Contar com métodos contraceptivos como a pílula do dia seguinte pode não fazer bem ao organismo feminino, causando alterações hormonais. E vale lembrar que ela não previne a contaminação de doenças. Mesmo quem toma contraceptivos regularmente precisa usar a camisinha durante a relação.
Infecções e risco de HIV
A Aids não tem cura e, por ser uma doença que ataca o sistema imunológico, pode levar à morte. Mas, com a evolução das pesquisas, o controle da doença (contraída, entre outras formas, por via sexual sem preservativo), ficou mais acessível. “A profilaxia pós-exposição ao HIV, no que se refere a contraindicações, é relativamente segura – conseguimos facilmente driblar alguma possível contraindicação. Mas a profilaxia pós-exposição é uma situação de exceção, que foi indicada porque as orientações não foram seguidas”, diz o médico. Não é uma situação que se queira “controlar”, e sim evitar ao máximo.
Sífilis, clamídia, gonorreia, hepatite B e C
No caso da clamídia e da gonorreia, os primeiros sintomas são dor ao urinar ou no baixo ventre, corrimento amarelado ou claro, dor ou sangramento durante a relação sexual. Os homens podem apresentar ardor ao urinar, além de dor nos testículos. Já a sífilis pode levar meses para se manifestar – não dói, não coça, não arde e não tem pus, podendo estar acompanhada de ínguas (caroços) na virilha. Tanto essas doenças quanto a hepatite B e a hepatite C podem ser transmitidas por via sexual (sendo que a taxa de transmissão sexual da hepatite B é maior do que a da C). E a camisinha – ela de novo! – pode evitar a transmissão.
HPV
A camisinha é menos eficaz na prevenção das doenças que podem comprometer a pele, e não apenas a mucosa. É o caso do HPV (Human Papiloma Virus), que pode ser transmitido já durante as preliminares, antes da colocação da camisinha. “O HPV tem uma afinidade muito grande pelo epitélio do intróito anal, e é muito importante que as pessoas saibam disso para evitar a transmissão pelo simples contato dessa região, mesmo antes da penetração”, lembra o infectologista. Já existem as vacinas contra o HPV, que podem ser tomadas por mulheres a partir dos 9 anos de idade – e os garotos, recentemente, já receberam indicação de tomar as doses também.
Beijo
Não é apenas o sexo que pode transmitir doenças, alguns vírus podem ser passados também pelo beijo. Mas apenas ele não transmite DSTs (exceto se existir alguma lesão oral de HPV) – e não se adquire HIV, sífilis ou hepatite B e C pelo beijo. O que o beijo pode transmitir são as doenças respiratórias, como a gripe, caxumba, varicela, etc., ou a herpes labial. “Mas o beijo, de uma forma geral, está liberado”, decreta Rigato.
Que comece a festa (alegre e segura), então!
Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo