No Dia Mundial da Lipodistrofia, Coração & Vida faz alerta à doença

31 de março - 2016
Por: Equipe Coração & Vida

Definida como a ausência total ou parcial de células de gordura em determinadas partes do corpo, a lipodistrofia pode ser provocada por herança genética, doenças autoimunes (o corpo reconhece as células de gordura como “inimigas” e as destroem) ou até por uso de algumas medicações.

A doença atinge, principalmente, pacientes soropositivos. É um processo duro de lidar para quem já está abalado com o diagnóstico de HIV positivo – mas a lipodistrofia precisa ser melhor conhecida para ser devidamente combatida.

Associação lança campanha de conscientização
Associação lança campanha de conscientização

Com esse mal, o corpo do paciente passa a distribuir e a absorver as gorduras de forma diferente. Costuma surgir em regiões como pernas, nádegas, face e membros, locais onde ela tende a diminuir, enquanto no abdômen, nuca e peito a tendência é aumentar.

“Além disso, a lipodistrofia provoca algumas mudanças não visíveis, como o aumento do nível de açúcar no sangue. Portadores da disfunção ficam, assim, mais vulneráveis ao desenvolvimento da diabetes e aumento de triglicérides”, explica João Eduardo Nunes Salles, professor da Faculdade de Medicina da Santa Casa São Paulo e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.

No início, acreditava-se que a disfunção, no caso dos portadores de HIV, era um efeito colateral do uso dos medicamentos antirretrovirais. Atualmente, sabe-se que as causas da lipodistrofia dependem de vários aspectos – vão dos remédios contra a Aids em si, mas também o tempo de infecção, a idade do paciente, o tempo que se faz uso dos medicamentos e outros fatores.

É uma condição comum, portanto, a pessoas portadoras do vírus do HIV. Nem todas desenvolvem a lipodistrofia, mas a doença, infelizmente, é algo frequente nesses casos. Seu aparecimento é influenciado, inclusive, por condições de saúde anteriores do indivíduo – como níveis elevados de colesterol, por exemplo, que tornam maiores as chances de o paciente apresentar a lipodistrofia.

O Brasil é campeão de um dos tipos da doença não associada ao HIV, a lipodistrofia congênita (com muitos casos localizados no Nordeste do país).

“Por causa das transformações que causa no organismo, é importante que a pessoa portadora converse com o médico que já faz seu acompanhamento clínico – no caso dos soropositivos, o infectologista – e que procure um endocrinologista”, lembra João Eduardo.

São os especialistas que podem tomar medidas para prevenir e tratar os efeitos – e são eles que esclarecerão melhor cada indivíduo para que, em hipótese alguma, por medo da lipodistrofia associada aos antirretrovirais, ele abandone o tratamento contra o HIV.

Pode parecer que se trata apenas de “cuidar da aparência” do paciente, mas a verdade é que a autoestima e disposição dos soropositivos e de qualquer outro portador é algo a ser muito observado e cuidado.

Alimentação balanceada e prática de exercícios físicos fazem diferença na prevenção da lipodistrofia. A doença pode até surgir assim mesmo, mas é mais provável que apareça de forma mais controlada – já que os exercícios físicos diminuem os níveis de gordura no sangue, melhorando também a condição geral da saúde.

Já a alimentação correta é essencial porque atua no bom funcionamento dos intestinos e na absorção dos medicamentos. Recomenda-se comer de 3 em 3 horas, de preferência frutas, verduras, cereais, legumes, e beber muito líquido – evitando frituras e alimentos gordurosos de modo geral.

A Associação Paulista dos Familiares e Amigos dos Portadores de Mucopolissacaridoses e Doenças raras (APMPS) lançou uma campanha em parceria com outras entidades de saúde para conscientizar a população sobre a importância do Dia Mundial da Lipodistrofia, lembrado no dia 31 de março. As ações buscam informar o público leigo sobre a doença rara.

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

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