Novos heróis contra a resistência

20 de maio - 2016
Por: Equipe Coração & Vida

Tornou-se uma preocupação cada vez maior o tema dos antibióticos. Ao mesmo tempo que são capazes de curar infecções, algumas cepas de bactérias vêm mostrando resistência a eles – e agentes infecciosos resistentes viraram uma imensa preocupação no ramo da medicina e uma ameaça letal aos pacientes.

A solução para o problema parecia impossível, inclusive porque a automedicação, um comportamento tão perigoso quanto comum, seria um dos vetores dessas resistências.

Foto: Shutterstock
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Mas pesquisadores da Universidade de Harvard, Estados Unidos, acabam de divulgar que criaram uma plataforma nova, extremamente simplificada, para a descoberta de antibióticos – algo que deve ser um caminho ideal para resolver, entre outras questões, a “crise da resistência”.

Em um estudo publicado na revista Nature, Andrew G. Myers e outros colegas descreveram “uma plataforma onde montamos oito blocos químicos de construção por um processo simples de fazer antibióticos macrolídeos sem usar a eritromicina, droga em que todos os demais dessa linha são baseados desde o início dos anos 1950”.

A eritromicina, que foi descoberta em uma amostra de solo nas Filipinas em 1949, tem sido usada no mercado como uma droga em 1953.

“Há 60 anos, os químicos foram muito, muito criativos, encontrando maneiras inteligentes de ‘decorar’ essa molécula, fazendo alterações em torno de sua periferia para produzir os antibióticos mais seguros e mais eficazes”, explicou Myers, que é professor de química e biologia química em Harvard.

Em contrapartida, o processo do estudo novo usou produtos químicos industriais ou substâncias derivadas deles manipulados em várias combinações e, em seguida, testados contra painéis de bactérias causadoras de doenças.
“Isso permitiu criar novos compostos em menos etapas do que era anteriormente possível”, diz o professor Myers.

Para uma série de razões – da dificuldade do desenvolvimento científico em laboratório até o retorno considerado relativamente baixo sobre o investimento que precisam e a relutância de agências federais em financiar pesquisas – desde 2013, o número de companhias farmacêuticas internacionais que desenvolvem antibióticos diminuiu para apenas quatro. O número de medicamentos lançados também vem caindo desde os anos 1980.

“Uma das coisas bastante encorajadoras sobre os dados é que algumas das estruturas que fizemos são clinicamente ativas contra estirpes bacterianas resistentes a todos os antibióticos conhecidos”, disse Myers.

Na verdade, dois dos 350 compostos do estudo mostraram, em testes iniciais, terem eficácia contra uma bactéria que se tornou resistente à vancomicina (conhecido como o antibiótico de último recurso, aquele usado quando os outros não funcionam).

Toda a equipe sabe que o caminho para que a pesquisa vá em frente e passe por cada uma das muitas fases de aprovação é longo – mas o professor Myers diz que o envolvimento de todos que conhecem os resultados é cada vez maior e que nenhum deles pretende parar os estudos até que os novos medicamentos estejam à disposição dos médicos.

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