O perigo oculto dos chás “milagrosos”

05 de junho - 2018
Por: Equipe Coração & Vida

Os avanços recorrentes da medicina não são suficientes para impedir algumas soluções caseiras para evitar ou curar doenças. Os chás, por exemplo, são bastante consumidos por diversos motivos – mas se engana quem pensa que, por serem “naturais”, eles não podem prejudicar a saúde.

“Na cultura popular, existe a ideia de que as folhas, os chás e as raízes não possuem qualquer efeito maléfico”, explica o hepatologista Raymundo Paraná, professor titular da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

De acordo com o especialista, não se trata de proibir o consumo, mas de evitar a ingestão de bebidas desse tipo vendidas sob o falso pretexto medicinal e terapêutico. “O correto é a população repensar o uso de qualquer proposta de tratamento que não tenha sido submetida a estudos de eficácia e segurança”, diz Paraná.

 

É importante evitar a ingestão de chás vendidos sob o falso pretexto medicinal. Foto: Shutterstock
É importante evitar a ingestão de chás vendidos sob o falso pretexto medicinal. Foto: Shutterstock

 

A lista de chás, bebidas e cápsulas que podem causar malefícios à saúde cresce exponencialmente segundo o especialista.

“Os relatos na literatura sobre esses casos tem crescido mais que os relatos de medicamentos alopáticos, pois a população se expõe cada vez mais a esses produtos – que, não raro, são prescritos por pessoas de má formação técnica ou de má índole mesmo”, complementa.

Dentre os chás que têm gerado relatos de lesão ao fígado, por exemplo, o hepatologista destaca os seguintes:

  • Chá verde (cápsulas)
  • Boldo
  • Cavalinha
  • Kava-Kava
  • Centelha Asiática
  • Espinheira Santa
  • Cáscara sagrada
  • Sene
  • Confrei
  • Valeriana
  • Poejo
  • Óleo de cártamo

 

O que interfere e o que está liberado

Em diversos casos, os problemas acontecem também pela interação de determinados chás com medicamentos prescritos. Antes optar por beber chá (e outros fitoterápicos), portanto, qualquer paciente deve relatar o uso ao médico que o acompanha.

“É comum que o paciente não mencione por considerar seu uso como algo inocente, aumentando o risco de interações medicamentosas ruins”, lembra Paraná. “Na maioria das vezes, o diagnóstico só acontece quando o problema já aconteceu, colocando em risco a vida”, afirma.

Nem tudo é proibido, porém. O hepatologista não vê problemas no consumo dos chás não medicinais, tais como de maçã, camomila, frutas vermelhas, erva cidreira. Tudo, é claro, sem exageros.

 

Texto
Thassio Borges

 

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

 

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Tudo sobre um bom chá

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