Obesos e saudáveis: isso existe?

06 de março - 2018
Por: Equipe Coração & Vida

Gordinho, mas saudável. Mais um mito com relação ao peso e sua influência na saúde acaba de ser desmistificado por pesquisadores da Imperial College e da Universidade de Cambridge, ambas no Reino Unido. Os estudiosos descobriram que a obesidade aumenta o risco de uma doença cardíaca coronária em até 28% mesmo em pessoas com os exames médicos em dia.

A comparação foi feita com pessoas com peso corporal dentro dos limites, com excesso de peso e mesmo com pessoas obesas que tenham níveis saudáveis ​​de pressão sanguínea, açúcar no sangue e colesterol.

Foto: Shutterstock
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As descobertas reforçam que essa máxima do “fat but fit” (“gordo mas em forma”, na tradução) é um mito e que as pessoas devem procurar manter um peso corporal dentro de uma faixa adequada aos seus padrões.

Problemas para o coração

Armazenar muita gordura no corpo foi definitivamente associado a uma série de mudanças metabólicas, incluindo aumento da pressão arterial, alto nível de açúcar no sangue e níveis alterados de colesterol, o que pode levar a doenças e a uma má saúde.

Assista: Obesidade é um dos principais fatores de risco para doenças do coração

Estudos mais antigos chegaram a apontar, no entanto, um subconjunto de pessoas com excesso de peso que pareciam não ter efeitos adversos para a saúde, levando-os a serem classificados como “obesos metabolicamente saudáveis” na literatura médica (e com esse “fat but fit” pela mídia).

Mas o grupo inglês mostrou que, apesar da saúde aparente, esse grupo com excesso de peso ainda está em risco aumentado em comparação com aqueles com peso saudável. No maior estudo de seu tipo feito até hoje, os cientistas usaram dados de mais de meio milhão de pessoas em dez países europeus para mostrar que o excesso de peso está relacionado com a propensão a doenças cardíacas mesmo quando as pessoas têm um perfil metabólico saudável.

“Nossos dados sugerem que, se um paciente está com sobrepeso ou obesidade, todos os esforços devem ser feitos para ajudá-los a voltar a um peso saudável independentemente de outros fatores”, diz a autora principal da pesquisa, Camille Lassale, da Imperial’s School of Public Health.

“Mesmo que a pressão arterial, o açúcar no sangue e o colesterol apareçam dentro da faixa normal, o excesso de peso ainda é um fator complicador”, completa.

No estudo, publicado em setembro no European Heart Journal, os pesquisadores mostraram sua análise com a relação entre o excesso de peso e o risco de CHD, uma condição em que o sangue insuficiente chega ao coração devido a artérias entupidas, levando a ataques cardíacos.

Como parâmetro, os participantes da pesquisa foram categorizados como não-saudáveis se tivessem três ou mais de vários marcadores metabólicos, incluindo hipertensão arterial, glicemia ou níveis de triglicérides, baixos níveis de colesterol HDL ou um tamanho de cintura superior a 94 cm para homens e 80 cm para mulheres.

Leia também: Tireoide e obesidade

Depois de observados fatores de estilo de vida, como serem fumantes, o tipo de dieta, a rotina de exercícios e o status socioeconômico, os grupos foram observados ainda como de peso normal, sobrepeso e obesos.

A análise, no entanto, revelou que, dentro do grupo aparentemente saudável, houve uma diferença significativa nos resultados dependendo do peso dos indivíduos.

A pesquisa descobriu que, em comparação com aqueles em peso normal, as pessoas classificadas como saudáveis, mas com sobrepeso, apresentaram aumento do risco de 26%, enquanto as que estavam saudáveis, mas obesas, apresentaram maior risco elevado em 28%.

Na conclusão, os pesquisadores registraram que fica claro, no estudo, que a prevenção e o tratamento da obesidade em toda a população são necessários para garantir a saúde pública.

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

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