Ouça esse conselho: fumar causa perda auditiva

15 de julho - 2016
Por: Equipe Coração & Vida

cigarroOs danos causados pelo cigarro são conhecidos (ou deveriam ser) por boa parte da população. Câncer de pulmão, boca, garganta e problemas cardíacos são alguns dos problemas graves dos quais muita gente ouve falar.

Mas vale sempre o alerta para o que acarreta aquela quantidade diária de cigarros: deixar de escutar, por exemplo, é uma das consequências pouco comentadas – mas que dificulta, gradualmente, a saúde de um fumante.

Um estudo realizado durante quase uma década e divulgado no ano passado pela Universidade de Manchester, Inglaterra, apontou que fumantes têm 15% a mais de chances de sofrer perda auditiva.

Quer um dado pior? Não ser fumante, mas viver perto de um, têm consequências ainda mais acentuadas: os riscos de perder a capacidade de ouvir, de acordo com a pesquisa, seriam maiores entre os fumantes passivos. Nesses casos, o índice sobe para 28%.

O levantamento considerou dados de mais de 50 mil voluntários, observados desde 2007 até 2014. Segundo os pesquisadores, quase 20% da população de fumantes do Reino Unido (e até 60% da população de outros países) têm o tabagismo como causa significativa na perda da audição.

O dano, de acordo com a pesquisa, foi diretamente proporcional ao consumo. Ou seja: em média, o índice pode crescer de acordo com os hábitos de cada pessoa. Já quem supera a ação do vício e consegue parar de fumar pode reduzir sim, aos poucos, as chances dessa perda.

Isso aconteceria, segundo o estudo, porque a maioria dos ex-fumantes passa a adotar um estilo de vida mais saudável, beneficiando a audição e outras questões físicas.

As causas da perda auditiva ainda não são claras. Suspeita-se que as toxinas da fumaça do tabaco possam afetar diretamente a audição – mas a explicação mais relacionada pela pesquisa inglesa leva a crer que são as doenças cardiovasculares que, afetando o sistema vascular, reduzem, indiretamente, os níveis de audição.

“É certo que a perda auditiva é mais um dos efeitos de envelhecimento precoce que o cigarro causa”, diz Jaqueline Scholz, cardiologista e diretora do Programa de Tratamento do Tabagismo do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da FMUSP.

Ela explica que são vários os males menos conhecidos relacionados ao cigarro – todos capazes de prejudicar a qualidade de vida de quem fuma e de quem convive com fumantes.

“A degeneração macular, a perda gradual da visão, também é muito observada nos fumantes; a pele é outro órgão prejudicado, com perda de colágeno devido à oxidação celular”, diz Jaqueline.

A médica cita ainda os muitos casos que surgem no ambulatório do InCor de hipotireoidismo relacionado ao tabagismo.

“As mulheres acima dos 50 anos sofrem três vezes mais incidência desse problema – e 5% dos pacientes precisam fazer reposição hormonal devido ao fumo, um número grande se pensarmos na proporção populacional.”

O processo de desgaste físico provocado pelo cigarro encurta a vida das mulheres, em média, em 14 anos; e cerca de 10 anos na vida dos homens. Parar de fumar é a saída clara – e muito desse processo de envelhecimento precoce estaciona dessa maneira.

“É uma questão biológica de cada indivíduo, mas muitas situações, como a perda da audição, podem, sim, ser brecadas com o fim do vício”, ressalta Jaqueline Scholz.

Tudo depende de parar o mais rápido possível. “Pode não haver a cura total, mas o benefício de abandonar o cigarro sempre existe. Quanto mais cedo, menor acúmulo de problemas ao longo dos anos”, completa.

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

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