Parkinson: muito além do tremor

22 de julho - 2016
Por: Equipe Coração & Vida

O tremor nas mãos é um dos primeiros sintomas da doença de Parkinson. Neurodegenerativa, a enfermidade causa um envelhecimento em uma área do cérebro, causando morte celular precoce. Com isso, há uma redução da produção de dopamina, um neurotransmissor, que está envolvido na produção de movimentos automáticos, como falar, andar e segurar objetos.

Uma média de 36 mil novos casos surge a cada ano no Brasil e cerca de 250 mil brasileiros têm a doença, segundo o Ministério da Saúde. Já de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo menos 1% da população mundial desenvolve a doença de Parkinson após os 65 anos.

Foto: Shutterstock
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“A pessoa que sofre de Parkinson apresenta três características: lentidão dos movimentos, tremor mais evidente durante o repouso e um aumento do tônus muscular, tornando o corpo rígido e fazendo com que o individuo fique parecido com um boneco de cera, com pouca expressão facial”, explica o médico neurologista Rogério Tuma.

Uma recente descoberta, divulgada recentemente pelo jornal britânico The Guardian, de um grupo de pesquisadores australianos da La Trobe University, permite detectar a doença por um exame de sangue, possibilitando aos médicos fazerem um diagnóstico da enfermidade em seu estágio inicial e de forma mais ágil e fácil.

Atualmente, para o médico identificar se o paciente tem Parkinson, é preciso análise por meio de uma série de exames clínicos, que, ao descartar outras doenças e cruzar sintomas, chega-se ao diagnóstico.

“As causas que levam uma pessoa a desenvolver a doença ainda são desconhecidas. Podem ser fatores genéticos, ambientais. O que é certo é que é degenerativa, com componente genético familiar. Os primeiros sintomas costumam aparecer entre os 50 e 60 anos”, explica o médico neurologista do ​​​​​​​​​​​​Núcleo Avançado de Dor e Distúrbios do Movimento do Hospital Sírio-Libanês Carlos Alberto Altieri.

O tratamento evoluiu muito na última década, com foco em medicação para aumentar os níveis de dopamina nos pacientes. É a falta de dopamina que leva aos principais sintomas, como tremores, rigidez e dificuldade em realizar os movimentos automáticos do corpo.

“Nos últimos dez anos aumentou o conhecimento sobre a doença e, consequentemente, seu tratamento. Hoje se utiliza, além de meios medicamentosos, com a reposição de dopamina, ou ainda remédios que auxiliam o corpo a absorver melhor essa substância produzida pelo próprio paciente, fisioterapia para manter os movimentos e proporcionar melhor qualidade de vida”, pontua Altieri.

No caso de pacientes em estágios mais avançados de Parkinson, a medicina também caminhou bastante, com tratamentos específicos.

“O tratamento cirúrgico é feito com lesão de áreas que controlam o movimento, ou com implante de um eletroestimulador que funciona como um marca-passo para o cérebro. Existe também o implante de células tronco que produzem dopamina, e tratamentos não medicamentosos e não cirúrgicos como a Estimulação Magnética Transcraniana [EMT]”, explica Rogério Tuma.

Como ainda não são claras as causas da doença, nem sempre é fácil falar em prevenção, mas os dois especialistas reforçam que manter hábitos saudáveis e praticar regularmente exercícios são questões importantes para evitar o Parkinson e já há estudos que apontam isso.

No caso de já ter a doença, também é importante ter uma boa alimentação e se manter ativo. “O diagnostico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para uma boa qualidade de vida. Além disso, o portador da doença precisa adquirir hábitos saudáveis para que ela não progrida“, reforça Tuma.

Sintomas

– Tremor nas mãos em repouso;

– Rigidez, dificuldade para caminhar e para fazer os movimentos;

– Lentidão no pensamento, lentidão na fala e dificuldade de articular palavras.

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

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