Pílulas anticoncepcionais: aliadas ou vilãs?

05 de outubro - 2016
Por: Equipe Coração & Vida

Recentemente, os efeitos colaterais da pílula anticoncepcional reacenderam o debate sobre o tema na internet, após o relato de uma jovem que teve trombose relacionada ao uso do método contraceptivo hormonal.

Mas afinal, as pílulas são ou não seguras?

“Não há medicamento que só tenha vantagem sem risco, mas os benefícios tendem a ser maiores. Com a pílula anticoncepcional não é diferente. Por isso é importante mensurar os riscos e avaliar se são pequenos perto dos benefícios”, explica Nilson Roberto de Melo, responsável pelo setor de planejamento familiar da clínica ginecológica do Hospital das Clínicas da USP e médico do Hospital Sírio-Libanês.

Foto: Shutterstock
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O especialista destaca que a probabilidade de desenvolver trombose com a utilização do anticoncepcional é de até 2,5 vezes maior em relação a quem não o usa. Para efeito comparativo, na gravidez, esse risco é de seis a dez vezes maior e, no pós-parto, pode ser de até 30 vezes.

O risco é maior e costuma apresentar sintomas nos primeiros meses de uso do medicamento, uma vez que, após esse período, o corpo se acostuma com a dosagem hormonal e a probabilidade de desenvolver trombose é menor.

Apesar de se usar o termo “pílula anticoncepcional” para designar os contraceptivos hormonais, há diversos tipos de medicamento, diferenciando os de hormônio utilizados, estrogênio ou progesterona, e a dosagem.

A composição diferencia os medicamentos e a indicação de sua utilização. Os que aumentam os riscos de trombose são aqueles que têm estrogênio em sua formulação.

“Sabemos que a substância que aumenta os fatores de coagulação e, portanto, o risco de trombose é o estrógeno. O estrógeno, em combinação com a nicotina e o alcatrão, aumenta muito a adesividade plaquetária e, portanto, torna o sangue mais viscoso. Aumentam muito o risco de tromboses. A progesterona sozinha não interfere na coagulação”, explica Alberto d’Auria, obstetra do Hospital e Maternidade Santa Joana.

As chances de desenvolver uma trombose podem ser maiores ou menores de acordo com o perfil do paciente. Como alertado por d’Auria, quem é fumante tem maior risco e, por isso, não deve usar pílulas com estrogênio. Obesidade é outro fator de alerta, como histórico de trombofilia na família.

“O anticoncepcional hormonal normalmente combinado é um método muito seguro com relação à contracepção, tanto é que mudou o comportamento feminino nas últimas décadas, tornando as mulheres mais independentes e confiantes. Dessa forma, não podemos crucificar esse método contraceptivo, pensando somente nos efeitos colaterais”, destaca d’Auria.

Atualmente, as pílulas são o método contraceptivo mais utilizado no mundo e muito importante nas ações de planejamento familiar, levando-se em conta a facilidade de acesso ao medicamente e simplicidade em seu uso.

“Antes de uma mulher pensar em tomar pílula, ela deve fazer uma avaliação com um ginecologista e conversar com o profissional para, de acordo com seu perfil, definir o melhor método para o seu perfil. A decisão final é sempre da paciente. O que ocorre é que muitas pessoas começam a utilizar anticoncepcionais sem passar por um médico”, explica Melo.

Além de evitar uma gravidez não desejada, o medicamento pode trazer outros benefícios para as pacientes, como auxiliar no tratamento de acne e oleosidade excessiva da pele, além da possibilidade de não menstruar. Também é utilizado para o controle de outras doenças, como cistos ovarianos funcionais.

“Mulheres que tomam anticoncepcional por longos períodos dificilmente terão câncer de ovário”, lembra d’Auria.

Confira algumas dicas para diminuir o risco de trombose com a utilização de pílulas anticoncepcionais:

– Não fumar;

– Praticar atividades físicas;

– Evitar obesidade;

– Manter uma alimentação saudável;

– Consultar um ginecologista antes de iniciar o uso ou de trocar o medicamento.

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

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