Plano do governo ampliará em 30% as cirurgias pediátricas no SUS

11 de julho - 2017
Por: Equipe Coração & Vida

O Ministério da Saúde assinou nesta terça-feira (11) uma portaria para ampliar o diagnóstico, tratamento e reabilitação das crianças e adolescentes com cardiopatia congênita no País.

A cada ano nascem no Brasil cerca de 30 mil crianças com malformação congênita do coração. Desse total, de 70% a 80% (24 mil/ano) precisam ser operadas, metade delas (12 mil) ainda no primeiro ano de vida.

Segundo o cardiologista Roberto Kalil Filho, presidente do Conselho Diretor do InCor (Instituto do Coração) do Hospital da Clínicas da FMUSP, o atendimento integral à criança portadora de cardiopatia congênita no Brasil é um dos grandes desafios do sistema de saúde, seja pelas dimensões continentais do País ou pela distribuição heterogênea de centros de referência na especialidade.

Dr. Roberto Kalil Filho (à esq.), o ministro Ricardo Barros (Saúde), o secretário de Estado David Uip (Saúde) e Dr. Fabio Jatene - Foto: Sérgio Barbosa
Dr. Roberto Kalil Filho (à esq.), o ministro Ricardo Barros (Saúde), o secretário de Estado David Uip (Saúde) e Dr. Fabio Jatene – Foto: Sérgio Barbosa

“A cardiopatia congênita já ocupa a segunda posição como causa de morte no primeiro ano de vida, em diversas regiões do País”, afirma o especialista.

Para criar o Plano Nacional de Assistência à Criança com Cardiopatia Congênita, o Ministério da Saúde trabalhou ao lado das sociedades brasileiras de Cardiologia (SBC), Cirurgia Cardiovascular (SBCCV) e Pediatria (SBP), assim como do InCor, que sediou a solenidade de hoje.

O cardiologista Fábio Jatene, diretor da Divisão de Cirurgia Cardiovascular do Instituto do Coração, está otimista com a parceria.

“Nossa expectativa é de que, em linhas gerais, o plano contribua para a expansão do número de crianças e adolescentes contemplados com a cirurgia, muitas vezes necessária para a resolutividade do tratamento.”

A meta inicial é ampliar em 30% o número de cirurgias realizadas na rede pública de saúde com investimento de R$ 91,5 milhões já em 2017.

Esse montante representa crescimento de 75,2% do orçamento anual destinado às cirurgias cardíacas pediátricas, que estavam na ordem de R$ 52,2 milhões. Ou seja, mais R$ 39,3 milhões a cada ano. O maior impacto para o incremento é o reajuste de 49 procedimentos da tabela SUS relacionados a esse atendimento, os de maior demanda.

Cardiopatia congênita

Entre os sintomas da cardiopatia congênita estão cianose (pele com coloração azulada), falta de ar, pneumonias de repetição, tosse, sudorese ou cansaço para as mamadas (neonatal), tonturas ou desmaios e inchaço do tecido do corpo ou órgãos (edema), por disfunção do músculo cardíaco.

Os tipos de cardiopatia congênita:

– Comunicação interventricular (CIV): representada por uma malformação que permite a passagem de sangue do ventrículo esquerdo ao ventrículo direito e pode causar fluxo aumentado nos pulmões;

– Comunicação interatrial (CIA): representada pela passagem de sangue do átrio esquerdo ao átrio direito;

– Persistência do canal arterial (PCA): representada pela permanência de um ducto que permite o desvio de sangue da artéria aorta para a artéria pulmonar. É comum em crianças nascidas prematuramente;

– Estenose pulmonar valvar (EPV): causa obstrução na passagem de sangue do ventrículo direito para a artéria pulmonar;

– Coarctação de aorta (CoAo): representada pelo estreitamento da artéria aorta e causa hipertensão arterial sistêmica;

– Valva aórtica bicúspide: malformação muito diagnosticada que pode dar sintomas na maioria dos casos na vida adulta;

– Tetralogia de Fallot (TF): é uma causa de cianose em crianças (doença do bebê azul). Trata-se de uma associação de quatro malformações, constituídas por comunicação interventricular, estenose pulmonar, hipertrofia do ventrículo direito e dextroposição de aorta (aorta mais à direita).

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

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