A pneumologia e suas atuais batalhas

10 de maio - 2014
Por: Equipe Coração & Vida
pneumologia
Manter a frequência cardíaca com exercícios físicos também deixa a saúde dos pulmões em dia / Foto: Shutterstock

Suzane G. Frutuoso

A pneumologia é uma especialidade relativamente nova, que derivou da tisiologia. Tísico era o nome dado aos portadores de tuberculose no passado. Hoje, a pneumologia estuda, avalia e cuida de todas as doenças respiratórias que atacam as vias aéreas e os pulmões.

Quem explica melhor a história dessa, que é uma das áreas mais em evidência da medicina na atualidade, é o pneumologista Carlos Roberto de Carvalho, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP):

“No século 20, uma das maiores desgraças humanas era a tuberculose. Comum, afetava um grande número de pessoas. Às vezes, também ocorriam os surtos de viroses, como o que desencadeou a gripe espanhola. Uma série de doenças infecciosas era o grande problema de saúde naqueles tempos.

Surgiram, então, os tisiologistas, especialistas em tuberculose – que era a patologia mais grave e em evidência. É criada, em 1937, a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. Em 1950, aparecem os primeiros medicamentos contra o bacilo da tuberculose em grande escala. A partir dos anos 60, a doença é controlada e se conheceu outras patologias respiratórias. Asma, câncer de pulmão, enfisema pulmonar, bronquite, doenças até aquele momento pouco conhecidas.

Quando se alcançou o controle da tuberculose, começaram os estudos dessas outras doenças. Hoje, se alguém tiver tuberculose, só posto de saúde tem tratamento, por meio do governo do Estado. O remédio não vende na farmácia. Não importa a classe social. O posto registra o paciente e ele recebe o medicamento controlado. A tuberculose é transmissível e ainda prevalente no Brasil. Segundo dados dos Ministério da Saúde, o país registrou 70 mil casos da doenças em 2012.

Com a melhora das condições de saúde no Hemisfério Norte nos anos 80, a doença praticamente sumiu de lá. Mas surgiu a Aids, que baixa a imunidade, e intensas migrações, especialmente vindas da África e da Ásia. O problema ressurgiu.

Também passou-se a dar atenção às doenças ocupacionais, nascidas da Revolução Industrial, recorrentes da exposição a poeiras e fumaças das fábricas. Eram ambientes de muita insalubridade. Daí veio o desenvolvimento da medicina ocupacional.

O pulmão tem um mecanismo de defesa resistente a toxicidades. Se o ar estiver poluído, seco, frio, quente, ou qualquer coisa que mude condições ambientais ideais, também mudam as defesas do pulmão. É quando se instalam infecções.

Doenças que vêm pelo sangue são outro problema para o sistema pulmonar. Patologias reumatológicas, como artrite reumatóide e lúpus, estão entre as que atacam o órgão. Resulta em inflamação dos alvéolos (responsável pela troca gás carbônica e oxigênio) e o pulmão não consegue captar oxigênio de maneira adequada. Enche de líquido.

Outro desafio para a pneumologia hoje são os efeitos colaterais da quimioterapia nos pacientes. O medicamento passa pelas veias, depois rapidamente pelo coração. Em seguida, o primeiro órgão que entra em contato com o remédio por um período mais prolongado é o pulmão. São substâncias tóxicas que causam doenças inflamatórias, como a pneumonite por drogas.

No geral, para prevenir problemas respiratórios e pulmonares, as pessoas devem buscar um ambiente o mais adequado possível. Primeiro, evitar tabaco, que é altamente tóxico e causa lesões que com o tempo são irreversíveis. Quem convive com fumante em ambientes fechados também sofre. Indústrias devem ter filtros e máscaras para uso dos seus profissionais.

Manter o pulmão em atividade é fundamental. As facilidades do mundo moderno nos deixam parados. É importante criar uma rotina de exercícios físicos, cmo caminhar 30 a 40 minutos, de cinco a seis vezes por semana. Andar de bicicleta está na moda e isso é bom. Mas não adianta fazer esses exercícios às 17h, na Avenida Sumaré, em São Paulo, cheia de carro. Pode até ser prejudicial.

De preferência, os exercícios aos ar livre precisam ser realizados em locais arborizados. Depois das 21h, diminui muito a concentração de carros. Até 9h da manhã há dispersão dos poluentes. Com chuva é melhor ainda. O ar fica mais limpo”. 

 

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