A população idosa e o risco de quedas

09 de junho - 2016
Por: Equipe Coração & Vida

Para todo mundo que vive com um idoso (ou cuida ou está próximo de pais, mães, tios e avós), a preocupação com a saúde é uma constante. Muito se fala de estar atento ao coração, de checar o risco da diabetes ou mesmo de observar doenças como Parkinson e Alzheimer. Mas um fator crítico precisa ser ainda mais notado: a queda. Até porque, um tombo depois dos 65 anos pode agravar diversos outros quadros clínicos.

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O problema é que a queda é um evento tão devastador quanto comum no caso dos idosos. Não é uma consequência inevitável ao envelhecer, mas pode sinalizar o início de uma fragilidade no indivíduo e mesmo indicar algo mais sério. A partir de uma queda, o custo médico é sempre lembrado – mas o custo psicológico é um fator igualmente grave, pois muitos velhinhos, mesmo após a recuperação, ficam com medo de se movimentar e acabam restringindo suas vidas.

Foto: Shutterstock
Foto: Shutterstock

O Ministério da Saúde estima que as quedas ocorram em cerca de um terço dos indivíduos com mais de 65 anos – e que 1 em cada 20 daqueles que sofrem uma queda tenham fratura ou necessitem de internação. Dentre os mais idosos, acima dos 80 anos, 40% caem a cada ano. Para os que moram em asilos e casas de repouso, o número aumenta ainda mais: a frequência de quedas é de 60% (já que essas pessoas, normalmente, já estão morando em locais assim por terem dificuldades de locomoção).

“Essa já deve ser uma preocupação após os 60 anos, mas fica bastante difícil após os 80”, diz o médico geriatra do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas, em São Paulo, Luiz Eugênio Garcez Leme.

“Adaptações em residências podem ser uma boa medida, mas é também o caso de pensar nas causas de uma queda que já ocorreu para que não voltem a acontecer.”

O geriatra explica que as quedas podem acontecer por causas de estrutura, como má iluminação da casa, pisos desnivelados ou escadas, mas também por causas intrínsecas: problemas com a visão da pessoa, como a catarata, labirintite ou mesmo dificuldades de movimentação por dores nas articulações.

O especialista indica que a junção dos fatores internos e externos pode vir a causar ainda mais quedas – e que, feitas as adaptações com corrimãos, apoios e outros itens, é bom “treinar” aquele que irá usá-las para que ele se sinta confiante.

O uso de medicamentos (ou ainda a associação do uso de várias medicações) também pode aumentar o risco de quedas no idoso. Alterações no nível de consciência, da frequência cardíaca ou pressão arterial, sonolência excessiva e tontura são efeitos adversos de certos remédios, elevando a necessidade de observar os mais velhos. Médicos precisam ser consultados sobre isso também.

O “inimigo”, infelizmente, às vezes está mesmo próximo. Pesquisas mostram que 70% das quedas de idosos acontecem dentro de suas casas. Mesmo idosos saudáveis estão sujeitos a tapetes soltos nos pisos, banheiros escorregadios, à presença de móveis que precisam ser desviados ao transitar, a animais de estimação que correm próximos aos donos – e ainda aqueles problemas de julgamento, quando eles decidem, por exemplo, subir em escadinhas e cadeiras para alcançar objetos no alto.

É claro que chegar à terceira idade sendo uma pessoa que pratica exercícios ajuda bastante. Mas precisa ser um hábito.

“Se a atividade física vem sendo mantida há anos, sim, ajuda, pois ela melhora o conteúdo muscular da pessoa. Se, no entanto, era alguém que praticava esportes há muitos anos, mas parou, então nem sempre haverá ganho na idade avançada”, lembra o médico.

E completa: “O que ajuda muitos os idosos é uma atividade leve e que estimule a concentração, como praticar tai chi chuan, por exemplo”. Com muitos cuidados, uma boa dose de prevenção e hábitos saudáveis assim, a velhice pode muito bem chegar sem tirar o chão de ninguém.

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Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

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