Pré-eclâmpsia: pressão alta na gravidez aumenta risco de doenças cardiovasculares

17 de julho - 2018
Por: Equipe Coração & Vida

Apesar de a pré-eclâmpsia e a hipertensão gestacional serem limitadas ao período da gestação, um estudo recente publicado no Annals of Internal Medicine mostrou que os efeitos desses problemas podem perdurar por décadas, inclusive são capazes de aumentar o risco de a mulher ter problemas cardiovasculares no futuro.

Estudos anteriores já haviam mostrado que as mulheres com pressão alta durante a gravidez tinham risco maior de ter um ataque cardíaco ou derrame mais tarde na vida, mas a nova pesquisa conseguiu mensurar o fator que não estava claro: o risco é maior naquelas que apresentam pressão alta já na primeira gravidez, e a chance é maior nos cinco primeiros anos depois da primeira gestação.

Gestante com pré-eclâmpsia deve fazer um pré-natal rigoroso para evitar complicações - Foto: Shutterstock
Gestante com pré-eclâmpsia deve fazer um pré-natal rigoroso para evitar complicações – Foto: Shutterstock

“A pré-eclâmpsia e a hipertensão gestacional são complicações comuns na gravidez que podem alertar as mulheres e seus médicos sobre a saúde cardiovascular no futuro”, disse Jennifer Staurt, pesquisadora do Brigham and Women’s Hospital. De acordo com ela, mulheres que apresentam esses problemas durante a gestação devem comunicar o médico e adotar dieta e estilo de vida saudáveis, assim como fariam se tivessem histórico familiar de doença cardiovascular. Esses cuidados simples podem reduzir o risco e retardar o início da doença.

O estudo, realizado com quase 60 mil mulheres, mostrou que a relação entre pré-eclâmpsia e hipertensão gestacional com os fatores de risco para doenças cardiovasculares não tiveram ligação com outros fatores de risco, como o tabagismo ou antecedentes familiares.

Leia também:  Diabetes gestacional e as implicações na gravidez

É possível identificar precocemente e tratar

De acordo com a ginecologista Mônica Fairbanks, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, não se sabe ainda a origem da pré-eclâmpsia. No entanto, a detecção precoce permite que seja feito um tratamento para controlar a pressão arterial da gestante, fazendo com que a gestação transcorra com segurança.

“A pré-eclâmpsia é uma evolução (manifestação clínica) que qualquer grávida pode ter durante a gravidez. São gestantes que não eram hipertensas antes, mas apresentam pressão arterial aumentada na gravidez”, explica. Quem está grávida pela primeira vez, é adolescente ou tem mais de 38 anos, têm mais risco de sofrer com o problema.

Uma vez detectado, o médico pode prescrever anti-hipertensivos para reduzir a pressão arterial, além de recomendações de dieta, como redução de sal. Exercícios físicos leves também ajudam a controlar a pressão.

A paciente, porém, deve ser acompanhada com rigor pelo médico. “A eclâmpsia (evolução da pré-eclâmpsia) – que provoca convulsão e pode levar até a um AVC hemorrágico, coma e morte – é uma das complicações mais temidas da obstetrícia”, relata Mônica. No entanto, se a paciente for inicialmente bem tratada e acompanhada pelo médico, a chance de isso ocorrer é muito baixa.

“A gente fala que quando evolui para eclâmpsia é porque aconteceu uma falha no sistema de saúde, que foi pré-natal mal feito”, alerta a especialista, sobre a importância de a mãe ser acompanhada durante a gestação.

Mônica explica que já está em estudo um exame que detecta precocemente o risco de a mulher ter esse problema e tomar ações preventivas, para que o risco seja reduzido. Detectada normalmente a partir de 20 semanas, o exame conseguiria antecipar a previsão para que a mulher já passe a reduzir o sal, praticar exercícios leves e diminuir o estresse.

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

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