A prevenção vem antes do esporte

17 de maio - 2018
Por: Equipe Coração & Vida

A morte da advogada Taíse Bertoncello, no último mês de março, durante uma corrida de rua noturna em Cuiabá (MT), gerou comoção e surpresa na cidade. Aos 24 anos, Taíse participava de uma prova de 7 km, mas passou mal quando estava a cerca de 2 km da linha de chegada.

A principal suspeita é que a advogada tenha sofrido uma parada cardíaca, mas as investigações sobre a morte continuam, já que o laudo do IML (Instituto Médico Legal) foi inconclusivo. Afinal, como isso pode ter acontecido a uma pessoa tão jovem, especialmente durante a prática de um esporte?

Avaliação médica e histórico de saúde precisam ser avaliados antes de uma nova rotina física. Foto: Shutterstock
Avaliação médica e histórico de saúde precisam ser avaliados antes de uma nova rotina física. Foto: Shutterstock

Para o cardiologista Roberto Kalil Filho, presidente do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e diretor de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês, o esporte jamais será um vilão à saúde, desde que observados cuidados essenciais.

“A Organização Mundial da Saúde recomenda, para a manutenção da saúde, fazer exercícios aeróbios (caminhada, natação, bicicleta), pelo menos 150 minutos por semana (ou 30 minutos, 5x na semana, em intensidade moderada). O exercício melhora o colesterol, a pressão arterial, a glicose do sangue, resultando em redução do risco cardiovascular”, diz Kalil.

 

O que é necessário

Ao comentar o caso de Taíse, o cardiologista destaca que, apesar de o exercício moderado reduzir o risco cardiovascular, a atividade intensa pode aumentar o risco de morte súbita (que ocorre durante ou até 24 horas após um esforço intenso) em pessoas que já têm algum problema cardíaco, mas muitas vezes não sabem, ou, se sabem, o fazem sem nenhuma avaliação ou orientação médica.

O Conselho Regional de Educação Física do Mato Grosso realiza uma investigação justamente para apurar possíveis problemas cardíacos da advogada, anteriores à prática do exercício intenso.

No entanto, alguns exames e procedimentos são indicados a qualquer pessoa que deseja iniciar a prática de atividades físicas, especialmente se for sedentária. Se a intenção é exercitar-se de forma intensa, os cuidados são mais do que necessários.

Segundo o cardiologista, é vital seguir estes procedimentos para casos do tipo (sedentários em atividades intensas):

– Avaliação médica: a diretriz em Cardiologia do Esporte e do Exercício da Sociedade Brasileira de Cardiologia recomenda que todos os indivíduos que forem realizar exercícios físicos em intensidade moderada a alta, devem obrigatoriamente ser submetidos a avaliação médica pré-participação. A avaliação deve sempre incluir um eletrocardiograma em repouso, mas o médico também irá questionar o histórico do paciente e de doenças na família para solicitar ou não outros exames laboratoriais.

– Teste Ergométrico: é recomendado para homens a partir dos 40 anos e mulheres a partir dos 55 anos de idade. No entanto, também é indicado para pacientes que, independentemente da idade, tenham mais de dois fatores de risco para doença arterial coronariana (por exemplo, diabetes, hipertensão, colesterol alto, tabagismo, sedentarismo em grau elevado). É por isso que, dependendo desses fatores, outros exames para atestar a gravidade de cada cenário podem ser requisitados pelo médico.

 

Autoquestionamento

O cardiologista menciona também o PAR-Q (questionário de prontidão para atividade física), geralmente aplicado em academias para os novos membros. O documento pode ser encontrado na internet e a avaliação é autoaplicável, ressaltando sempre que as respostas devem ser honestas e objetivas.

“Se alguma resposta desse questionário for positiva, o indivíduo deve procurar o médico antes de fazer qualquer exercício, mesmo que moderado”, diz o cardiologista, sem desaconselhar, no entanto, a atividade física. “Devemos sempre orientar a fazer exercícios e não colocar muitos empecilhos para isso, mas os cuidados são necessários”, completa.

 

Texto
Thassio Borges

 

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

 

Leia mais:

A hora de malhar e a hora de parar

Infográfico: Correr X Caminhar

Compartilhe:

Dúvidas?
Envie sua pergunta para o

RESPONDE

acesse

Notícias Relacionadas: