Reposição hormonal após a menopausa é segura, mas não para todas as mulheres

20 de julho - 2018
Por: Equipe Coração & Vida

A reposição hormonal é um assunto que gera muita discussão. Quando as ondas de calor surgem – um sintoma clássico da menopausa – algumas mulheres consideram consultar um médico para saber mais a respeito, enquanto outras passam longe dos hormônios sintéticos. A verdade é: a reposição hormonal pode ser benéfica, mas não é indicada para todas as mulheres. Quem avalia os riscos e benefícios da prática e recomenda a reposição é o ginecologista.

De acordo com Maurício Simões Abrão, professor associado do departamento de obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, a menopausa é um fenômeno que acontece no período do climatério. Quando acontece a última menstruação da vida, a mulher pode se considerar na menopausa. Já o climatério é um período que pode começar aos 37 anos e se estender até 65 anos, e é dentro desse período que ocorre a queda da produção hormonal da mulher. A partir da menopausa, a mulher passa a não produzir hormônios pelos ovários, e essa alteração pode provocar diversos sintomas.

reposição hormonal
Um especialista deve avaliar os riscos e benefícios da reposição hormonal para orientar a paciente para a melhor escolha – Foto: Shutterstock

“Pode dar irritabilidade, ondas de calor, alterações na pele e na mama, por exemplo. Quando isso acontece, o médico pode dosar os hormônios por meio de exames, ver se há alterações e sugerir a reposição hormonal. Essa reposição pode acontecer antes ou depois da menopausa em si”, explica o especialista.

De acordo com Abrão, o estrogênio é um hormônio muito importante para a mulher. “A falta de estrogênio leva a sintomas e consequências no organismo, sem apresentar sintomas exuberantes no início. Depois da menopausa, a mulher tem mais risco cardiovascular e mais risco de osteoporose, mas nem sempre isso se anuncia de forma clara, pelos poucos sintomas por trás”, explica.

Abrão explica que a reposição hormonal não é apenas uma questão estética, mas pode prevenir doenças e melhorar o bem-estar da mulher. No entanto, a mulher precisa estar ciente sobre os benefícios e riscos do tratamento.

Em painel no Congresso de Cardiologia da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP), o ginecologista e professor titular da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, José M. Aldrighi explicou que as ondas de calor idealmente deveriam ser tratadas, especialmente porque elas podem até mesmo afetar a memória.

Além disso, mostrou também que há benefícios e riscos na reposição hormonal. “Há benefícios sobre ondas de calor, insônia, irritabilidade, quadros depressivos e atrofia urogenital”, explicou. A falta de estrogênio nessa fase da vida pode, inclusive, provocar incontinência urinária.

A queda dos hormônios também pode ser responsável pela osteoporose. “A mulher tem maior prevalência da doença e maior risco de fratura”, disse, em sua aula.

Aldrighi ressaltou que a reposição hormonal abaixo dos 60 anos, nos primeiros anos da pós-menopausa pode reduzir a mortalidade por doença cardiovascular, risco que costuma ser aumentado depois que a mulher entra na menopausa.

A reposição hormonal não é contraindicada em mulheres com hipertensão arterial controlada, diabetes controlado e que tiveram alguns tipos de câncer, como o de pele, colorretal, no pulmão, na tireoide, entre outros.

Há riscos

Há riscos, porém, que são aumentados quando a mulher faz a reposição hormonal. No caso do câncer de mama, a incidência provocada pelos hormônios sintéticos é de 1 caso para cada mil mulheres, explicou Aldrighi. Além disso, a reposição hormonal pode aumentar o risco de trombose.

Quem está com alguma doença hepática ou cardiovascular e lúpus eritematoso sistêmico também não pode receber o hormônio.

Administrados por via oral ou transdérmica (em adesivos ou cremes), a reposição hormonal pode ser benéfica para muitos sintomas, porém não é indicada para todas as mulheres. Um especialista deve avaliar os riscos e benefícios da prática para orientar a paciente para a melhor escolha.

Práticas como uma boa alimentação, atividade física e controle do estresse são capazes de afastar o risco de doença cardiovascular em qualquer idade. Bons hábitos de vida são benéficos para ajudar a controlar o colesterol, evitar o diabetes e inclusive minimizar o risco de problemas no coração depois da menopausa.

Leia também: 7 benefícios da atividade física para mulheres

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

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