Saiba mais sobre a osteoporose e aprenda a combater esse mal
É uma doença com um apelido assustador: “a ladra silenciosa”, como a classe médica costuma chamar a osteoporose, que pode progredir durante anos sem sintomas – até diminuir a força dos ossos e ocorrer a primeira fratura, uma consequência bem mais clara do seu avanço.
A osteoporose acontece quando a formação do osso não é adequada, quando o desgaste é excessivo ou quando ocorrem as duas coisas ao mesmo tempo. Costuma ser muito citada no caso das mulheres com mais idade, mas também pode afetar mulheres jovens e também os homens.
Considerada uma doença grave, a osteoporose é diagnosticada, hoje, em uma a cada duas pessoas acima de 50 anos – mas acompanhamento médico e observação mais detalhada dos sintomas, seguidos por mudanças no estilo de vida, podem reduzir e muito o risco trazido por essa condição.
Unhas quebradiças, muitas câimbras ou dores nos músculos e nos ossos e fraturas causadas por quedas aparentemente bobas, que atingem mais coluna, bacia, punhos e costelas: tudo isso podem ser sinais da ação da osteoporose.
O melhor exame para identifica-la é a densitometria óssea, simples e indolor e cujo resultado informa quanto há de osso nos locais do esqueleto onde as fraturas por osteoporose são mais comuns.
A densitometria deve ser feita aos 50 anos, se houver pelo menos um fator de risco ou uma fratura de fragilidade prévia, ou a partir dos 65 anos, caso não tenham nenhum fator de risco.
Sobre os fatores de risco, conversamos com a médica Ana Hoff, endocrinologista e responsável pelo Centro Integrado da Saúde Óssea do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
Risco aumentado
Algumas pessoas estão em grupos com maior probabilidade de desenvolver a osteoporose. Esses são os fatores de risco mais comuns:
- Estar na menopausa
Isso porque o estrogênio, hormônio feminino, é extremamente importante para formação e manutenção da massa óssea. Na infância e durante a puberdade, ocorre a aquisição da massa óssea, que está diretamente relacionada com uma boa função ovariana – ou seja, com um bom nível de estrogênio. Portanto, a puberdade tardia e doenças que afetam a função ovariana e o ciclo menstrual resultam em um menor pico de massa óssea. “Durante os primeiros 5 anos após a menopausa, a mulher pode perder aproximadamente 2% de massa óssea/ano, resultando assim em osteoporose”, explica a dra. Ana Hoff. A falta de estrogênio nesta fase é a razão principal da perda óssea pois há um estímulo das células chamadas de osteoclasto para reabsorverem o osso. “Portanto, é importante, principalmente se a mulher tiver outros fatores de risco, avaliar a massa óssea no início da menopausa para saber sobre a reserva óssea e o risco de que a perda decorrente da deficiência de estrogênio”, diz a médica.
- Ser alta e magra, ter a estrutura do corpo delicada
A estrutura física também é um risco para a osteoporose, pois mulheres magras e pequenas possuem ossos menores e uma reserva óssea menor. Então, quando entram na menopausa, o risco de desenvolver osteoporose é maior do que em mulheres maiores e com um índice de massa corpórea maior. “Isso também é um alerta para mulheres caucasianas e asiáticas, que tendem a ser menores”, diz Ana Hoff.
- Idade avançada
Fazer a densitometria óssea ao completar 50 anos (quando se está entre as pessoas com mais fatores de risco) ou a partir dos 65 anos (quando não há fatores de risco) é a melhor prevenção, já que o passar dos anos pode, por diversos motivos, permitir a perda óssea.
- Dieta pobre em cálcio
A alimentação é um aspecto importante para evitar e mesmo controlar o avanço da osteoporose. O cálcio, muito lembrado quando se fala no assunto, é essencial para a mineralização óssea e para funções importantes como coagulação e contração muscular.
“Se a ingestão de cálcio não é suficiente, o próprio organismo [através da ação do hormônio da paratireoide] retira cálcio do osso [um “armazém” de cálcio no organismo] para normalizar o nível no sangue. Portanto, se a pessoa não ingere uma boa quantidade de cálcio [1000 – 1500 mg/dia], ela pode perder osso”, explica a endocrinologista.
Essa ingestão pode acontecer por meio de alimentos como leite, queijo, iogurte e vegetais de cor verde escura. A vitamina D também é essencial – sendo que a fonte mais importante é a luz do sol. E vale lembrar: comer alimentos com cálcio e tomar sol devem ser hábitos mantidos desde a infância.
Quando a osteoporose já foi detectada, os cuidados são semelhantes – e ainda mais valorizados. É necessário iniciar um tratamento com acompanhamento médico que inclui a boa alimentação e a ingestão de cálcio (focado somente na dieta ou com um combinado de dieta mais suplementos), produção de vitamina D, exercícios físicos e ações específicas que inibam a reabsorção óssea, aumentando a massa óssea e reduzindo o risco de fratura.
- Hábitos ruins ou uso de medicamentos
Fumar, ingerir bebida alcoólica excessivamente, não praticar exercícios ou usar por tempo prolongado alguns remédios como cortisona e seus derivados, alguns medicamentos para tratar convulsões, câncer e hormônios da tiroide em excesso: tudo isso influencia na composição óssea e pode agravar quadros de osteoporose.
Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo