Saúde das crianças: dicas aos pais de 1ª viagem

08 de dezembro - 2015
Por: Equipe Coração & Vida

Por Estela Azeka

Estela Azeka é cardiopediatra do InCor/SP - Foto: IstoÉ
Estela Azeka é cardiopediatra do InCor/SP – Foto: IstoÉ

O cuidado com a saúde cardiovascular das crianças se inicia no período pré-natal. A mãe precisa estar atenta à sua alimentação e evitar processos infecciosos, especialmente no primeiro trimestre da gravidez, quando ocorre a morfogênese fetal.

A cardiopatia na faixa etária da pediatria pode ser assintomática ou se manifestar através de sopro cardíaco, associado ou não a quadro clínico. Pode haver necessidade de intervenção terapêutica imediata, em decorrência da gravidade da doença. As doenças do coração podem ser detectadas no período pré-natal, no recém-nascido, na infância ou na adolescência.

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Do ponto de vista epidemiológico, a cada 1.000 nascidos vivos, de 6 a 10 possuem prevalência do defeito cardíaco. Em recém-nascidos prematuros (de idade gestacional inferior a 37 semanas), a ocorrência é de duas a três vezes mais frequente, aparecendo em 12 a cada 1.000 nascidos vivos.

As cardiopatias com potencial risco à vida foram identificadas em 15% dos lactentes com doenças congênitas do coração. Em 8% dos casos, o diagnóstico ocorreu no período pré-natal, e, em 25%, antes da alta hospitalar. Entretanto, aproximadamente 25% destes pacientes tiveram diagnóstico após a alta hospitalar, e, em 5%, após terem evoluído ao óbito.
Estudo epidemiológico realizado em Atlanta apontou que as cardiopatias estavam ligadas a defeitos cromossômicos em 7% dos recém-nascidos, e associadas a malformações extra-cardíacas em 22%. Há a necessidade de internação com urgência e tratamento médico para recém-nascidos com doenças no coração potencialmente letais. Existem quadros que levantam estas suspeitas, como choque circulatório, cianose ou edema.

O paciente com choque pode se apresentar pálido, com alterações de humor, irritabilidade, sonolência e dificuldade de aceitar a alimentação. Uma das principais causas desta condição é a Síndrome da Hipoplasia do Coração Esquerdo (SHCE), quando este lado do coração não funciona adequadamente como bomba, impedindo que o sangue vá suprir as necessidades do organismo. No entanto, é importante salientar que outras complicações podem se manifestar desta forma, mesmo que não sejam problemas do coração, como, por exemplo, quadros infecciosos graves, como meningite, ou infecções generalizadas, como sepsis.

Outro sinal e sintoma que a criança pode apresentar é a cianose. A baixa oxigenação do sangue fará a mãe observar os lábios do bebê em um tom azul-arroxeado, especialmente quando ele faz esforço, como, por exemplo, ao chorar.

O cansaço ou dificuldade para respirar ao ser amamentado, caracterizados pela dispneia (respiração rápida e curta), ocorrem em decorrência de cardiopatias que aumentam muito o volume de sangue que chega aos pulmões. Isso pode levar a edema pulmonar grave, principalmente em prematuros, por apresentarem a persistência do canal arterial patente.

Desde antes do nascimento, pode-se verificar as cardiopatias por meio da triagem pré-natal e da história clínica do paciente. Nos recém-nascidos, o exame físico cardiovascular, a presença de cianose, alterações do ritmo cardíaco, anormalidades do sistema respiratório e alterações extra-cardíacas são formas de se detectar as doenças cardíacas.

Na avaliação pré-natal, o ultrassom morfológico e ecocardiograma têm sido métodos diagnósticos mais escolhidos por serem não invasivos. No entanto, a identificação depende do examinador, da idade gestacional materna, da posição fetal e do tipo de cardiopatia.

Em relação à história clínica, é importante identificar as condições maternas anteriores. Diabetes, obesidade, doença do tecido conectivo, infecções (citomegalovírus, herpes, rubéola, vírus coxsachie) e o uso de medicamentos (hidantoína ou lítio) e álcool durante a gravidez podem influenciar na incidência de malformações congênitas.

O histórico familiar de doenças cardíacas também pode aumentar o risco no feto. Se o parentesco for de primeiro grau, as cardiopatias congênitas ocorrem até três vezes mais.

A presença do sopro cardíaco no exame clínico do neonato, isto é, do ruído auscultado no coração, depende de alguns fatores. A experiência do examinador, o momento da ausculta e as condições em que o recém-nascido é avaliado são fatores que podem influenciar na detecção. O sopro cardíaco está frequentemente associado à cardiopatia congênita. No entanto, é importante ressaltar que o sopro pode ser fisiológico e o recém-nascido não possui coração com defeitos de nascimento.

É importante que as mães de primeira viagem estejam atentas ao bebê e, de modo geral, note sintomas como cansaço, cianose e problemas no ganho de peso. A história clínica da criança deve ser detalhada e o exame físico, minucioso. Exames subsidiários de triagem como radiografia de tórax, eletrocardiograma e ecocardiograma com doppler colorido são complementares para que a conduta terapêutica seja tomada de forma adequada e precisa.

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