Secretário de Saúde descarta epidemia de ebola no Brasil
Thassio Borges
Em meio a uma epidemia de casos de ebola em países da África, que já causou mais de 1.000 mortes no continente, o medo de que a doença chegue ao Brasil tornou-se palpável nos últimos dias. No Estado de São Paulo, destino de milhares de imigrantes africanos anualmente, aumentou o receio de que a enfermidade possa se disseminar a partir da chegada de cidadãos estrangeiros contaminados ou então que tiveram contato com vítima das doenças.
Coração & Vida entrevistou, de forma exclusiva, o infectologista e atual secretário de Estado da Saúde de São Paulo, David Uip, sobre o assunto. Uip descartou uma epidemia no Brasil do porte como vem ocorrendo em países do oeste africano.
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“Se ocorrer no Brasil, serão casos esporádicos, porque é uma doença extremamente grave”, avalia o infectologista, que foi diretor-executivo do Instituto do Coração (InCor) do HC-FMUSP de 2003 a 2008 e, desde 2002, coordena projetos de prevenção à transmissão vertical do HIV e de biossegurança nos hospitais nacionais de Angola, na África.
“Trata-se de uma doença inflamatória viral hemorrágica, que causa sangramento, insuficiência de múltiplos órgãos, entre outros sintomas. Um doente nessas condições dificilmente consegue viajar. A incubação [do vírus] não é longa e o período de maior contágio ocorre quando o indivíduo está doente, com o contato com secreções e excreções”, completa o secretário, que cita ainda os fatores que podem ter colaborado para o agravamento da epidemia na África.
“Ali [nos países africanos] há hábitos diferentes, culturas distintas, o velório demora uma semana e há contato com o cadáver. Existem províncias em que, para enterrar o corpo, as vísceras são retiradas. Além disso, não há na África um sistema de saúde desenvolvido a ponto de ter terapias intensivas, qualificadas e disponíveis para todo mundo. É totalmente diferente [do Brasil]”, diz Uip.
Segundo informações do último balanço da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado em 09 de agosto, a epidemia de ebola que atinge os países do oeste africano já provocou ao menos 1.013 mortes.
O vírus do ebola pode ser transmitido por mucosas (olhos, nariz e boca) ou feridas na pele que tenham contato direto com secreções, fluídos corporais, sangue e tecidos de pessoas infectadas. Além disso, a contaminação pode ocorrer pelo contato com animais ou objetos contaminados como roupa, material de cama, etc.