Tabagismo mata mais de 200 mil pessoas por ano no Brasil
No Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado em 29 de agosto, o site Coração & Vida faz um alerta sobre os riscos desse hábito. A data foi criada com o objetivo de conscientizar sobre os males dos produtos derivados de tabaco.
Cuidado! Arguile é mais perigoso que cigarro
Apesar de toda a informação e campanha sobre os malefícios do cigarro, hoje no Brasil cerca de 11% da população é fumante.
As doenças relacionadas ao fumo matam mais de 5 milhões de pessoas no mundo, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). No Brasil, o tabagismo é responsável por cerca de 200 mil mortes por ano.
Mesmo com dados significativos, os produtos derivados do tabaco, que incluem, além do cigarro, arguile, cigarro eletrônico e com sabores, cachimbos e charutos, ainda são bastante consumidos no País e no mundo.
“É válido parar de fumar em qualquer fase da vida, independentemente da idade e há quanto tempo fuma, pois os benefícios são imediatos, melhorando o paladar, olfato, circulação sanguínea e capacidade pulmonar, além de voltar gradativamente a ter a mesma probabilidade que não fumantes para infarto, por exemplo”, explica Andrea Reis, técnica do Programa Nacional de Controle do Tabagismo do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Ou seja, a desculpa de que já se fuma há muito tempo ou está velho demais para parar de fumar não é verdadeira, tendo benefícios em qualquer fase da vida. Quanto antes parar, mais rapidamente o organismo responde, com a diminuição dos sintomas do tabagismo e de desenvolver doenças relacionadas a ele.
“Há uma rede de tratamento pelo SUS totalmente gratuito, que trabalha com terapias comportamentais, encontros em grupo e, quando necessário, é disponibilizado medicamento para quem tem dependência severa. Para participar do programa, basta procurar uma unidade de saúde do SUS na localidade onde mora”, destaca Andrea.
Mas, sabendo-se dos malefícios e consequências do tabaco, o que leva muitas pessoas a iniciarem e não conseguirem parar de fumar? A técnica do Inca destaca que a dependência à nicotina faz com que os fumantes tenham medo dos efeitos iniciais de ficar sem a substância.
“A principal dificuldade para quem quer parar de fumar é o medo de ficar sem o cigarro, uma vez que o tabaco é uma substância psicoativa, atuando no sistema nervoso central, e parar de usar pode causar desconforto físico e mental. A nicotina leva de 7 a 19 segundos para chegar no cérebro, atuando de forma rápida no organismo, o que leva à síndrome de abstinência. Ao entender esse processo fica mais fácil para a pessoa parar de fumar”, explica a especialista.
Praticar atividades físicas ajuda a manter os jovens afastados do cigarro e auxilia quem está parando de fumar e, aos que já pararam, a não terem recaídas.
Os jovens ainda são bastante atraídos pelo fumo, por isso a prevenção é bastante importante nessa faixa etária.
“O cigarro ainda carrega um estigma muito forte de socialização e rebeldia para os jovens, com a falsa impressão de que arguiles, cigarros eletrônicos e com sabores são menos danosos, e eles se tornam a porta de entrada para a dependência”, alerta Ana Clara Toschi, pneumologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.
O fumo passivo, que se refere àqueles que não fumam mais convivem com fumantes, também aumenta os riscos de doença. Sete não fumantes morrem por dia em consequência do fumo passivo e essas pessoas têm 30% maior risco para câncer de pulmão e 24% para infarto.
“Mesmo que a pessoa ache que porque está fumando em um local isolado não está prejudicando os outros, as toxinas presentes na fumaça do cigarro chegam em todos os ambientes da casa, por exemplo, prejudicando os demais moradores. Crianças que convivem com fumantes têm maior incidência de problemas respiratórios decorrentes da fumaça”, destaca a pneumologista.
Além de todas essas consequências, fumar também tem um impacto econômico, sentido diretamente nas finanças de quem fuma e suas famílias.
Para se ter uma ideia, uma pessoa de 30 anos, que começou a fumar aos 18 uma média de dez cigarros por dia, já gastou cerca de R$ 19 mil com o vício nesse tempo.
A percepção do brasileiro em relação aos malefícios do tabagismo aumentou nos últimos anos, mas poucos se questionam a respeito do custo do cigarro em seus orçamentos.
Conheça o aplicativo do Coração & Vida que calcula o quanto esse vício impactou no seu bolso.
Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo