Teste ergométrico: como funciona e quando é indicado?

18 de outubro - 2018
Por: Equipe Coração & Vida

Por Thassio Borges

O teste ergométrico, de forma geral, é conhecido por boa parte dos brasileiros. Isso porque, ainda que não o tenha feito, provavelmente o viu durante a preparação de jogadores de futebol, antes do início da temporada regular, de modo a garantir que estão aptos à prática.

Há algumas décadas, o exame era feito por meio de uma bicicleta ergométrica. Atualmente, no entanto, o teste é feito através da esteira. De acordo com Gabriela Ramalho, cardiologista do Hospital Sírio-Libanês, o paciente deve realizar uma refeição leve no mínimo duas horas antes do exame. Não se recomenda, em qualquer hipótese, que o teste seja feito em jejum.

Exame consegue detectar possíveis isquemias cardíacas, bem como prever
Exame consegue detectar possíveis isquemias cardíacas, bem como traçar um panorama geral da saúde do coração durante esforços físicos

No exame, o paciente deve utilizar roupas apropriadas para a atividade física, devendo também levar o nome das medicações em uso contínuo. Estas serão avaliadas e poderão ser suspensas momentaneamente, de acordo com a finalidade do teste.

“[No exame], são colocados eletrodos no tórax do paciente para o registro do eletrocardiograma. É feito um eletrocardiograma de repouso e aferida a pressão arterial inicial e então o paciente é colocado na esteira rolante, iniciando-se o exercício com o protocolo escolhido” explica a cardiologista.

O protocolo a que se refere à médica está relacionado com os níveis e aceleração do teste que serão aplicados no indivíduo. De acordo com ela, tanto o preparo físico quanto as características de cada paciente definem qual será o protocolo aplicado pela equipe médica. A aceleração também será definida a partir da resposta eletrocardiográfica do paciente em relação ao aumento da velocidade.

“A interrupção do exame ocorrerá caso o paciente apresente grande cansaço ou exaustão, sintomas indicativos de anormalidades cardiovasculares, alterações compatíveis com isquemia ou alterações significativas do ritmo cardíaco. Periodicamente, é perguntado ao paciente a respeito de seus sintomas ao esforço, como cansaço, falta de ar, dor no peito, fadiga nas pernas, tonturas, sensação de desmaio. Idealmente, a duração do teste é de 10 minutos, em média”, completa.

A velocidade da esteira é reduzida durante a fase de recuperação, após a fase de esforço máximo, até que o aparelho pare por completo. Em todos esses momentos, o paciente segue monitorado e avaliado pelos médicos.

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Indicações

De acordo com a cardiologista, o teste ergométrico pode ser definido como um exame para provação e identificação de isquemia do miocárdio. O exame é indicado para esclarecer os motivos de determinada dor torácica, mas também é recomendado para que o médico possa estimar o risco de evento cardiovascular e mortalidade, bem como a capacidade funcional e a tolerância ao esforço do paciente.

Também por meio dele, é possível avaliar o comportamento da pressão arterial durante o esforço, identificar arritmias desencadeadas pelo esforço e para avaliar os sintomas relacionados ao exercício. É a partir dele que o médico poderá pensar em intervenções terapêuticas ou especificar a atividade física recomendada ao paciente.

Riscos e resultados

Quem realiza o teste ergométrico também manifesta preocupação em relação a possíveis riscos durante o exame. Ramalho esclarece, entretanto, que o risco de complicações graves como infarto e arritmias é muito baixo (menor do que 1 para cada 2.000 exames realizados), sendo ainda menor no que diz respeito à morte (cerca de 1 para cada 10.000 exames).

“A interpretação do exame envolve múltiplos fatores: presença de sintomas, os níveis de pressão arterial, o comportamento da frequência cardíaca, a capacidade física, os distúrbios do ritmo cardíaco e as alterações observadas no eletrocardiograma registrado durante o esforço”, completa.

O teste ergométrico é geralmente recomendado pelo clínico geral, mas recomenda-se uma avaliação com médico especialista antes de sua execução. Além disso, vale ressaltar que o exame não será o único fator analisado pelo médico para a prescrição ou não de determinado tratamento. Trata-se, no entanto, de avaliação muito importante, conforme expôs a cardiologista do Hospital Sírio-Libanês.

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

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