Conheça os tipos de câncer de mama
No mês conhecido como Outubro Rosa, o Brasil inteiro volta suas atenções para a prevenção e o tratamento do câncer de mama, cuja estimativa apenas para 2017 é de 57.960 novos casos da doença.
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Ainda que a enfermidade deva ser observada durante todo o ano, é em outubro que é possível ampliar a discussão sobre o tema, explorando dúvidas e temores relacionados a ele.
Dentre os principais aspectos desconhecidos da população considerada “leiga” no assunto está o fato de que o câncer de mama pode surgir em diferentes tipos, com características distintas entre si.
De acordo com a mastologista Melissa Veiga Felizi, do Hospital e Maternidade Brasil, as diferenças entre os vários tipos de câncer de mama são patológicas, biológicas e moleculares.
“São estas diferenças, juntamente com as características de cada paciente, que nos possibilita individualizar cada vez mais o tratamento, evitando tratamentos excessivos para pacientes com baixo risco de recorrência e garantindo um tratamento o mais completo possível para pacientes identificadas como de alto risco”, explica.
São três os principais tipos de câncer de mama:
– Carcinoma ductal invasivo: trata-se da espécie mais comum, com capacidade, inclusive, de desenvolver metástase (situação na qual o câncer se espalha a partir do local de surgimento);
– Carcinoma lobular invasivo: também tem a possibilidade de desenvolver metástase. É o segundo tipo mais comum e está associado ao risco de surgimento da doença na outra mama e também no ovário;
– Carcinoma ductal in situ: é um câncer de mama em fase inicial, que não tem maiores chances de resultar em metástase.
De acordo com Felizi, o tratamento deve levar em consideração o tipo de tumor, o estado da doença e as características clínicas da paciente. Não há um único caminho a ser seguido para cada tipo de câncer. A especialista explica que o tratamento poderá incluir cirurgia, quimioterapia, radioterapia, terapia alvo e/ou hormonioterapia.
“É fundamental que o tratamento seja realizado por equipe multidisciplinar composta por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos e nutricionistas”, explica a mastologista.
Enquanto a quimioterapia usa compostos químicos (quimioterápicos) e a radioterapia utiliza feixes de radiações ionizantes, a hormonioterapia trabalha com remédios para bloquear a ação de hormônio que estimulam o crescimento de células do câncer.
Já a terapia alvo tem o objetivo de atacar as células cancerígenas, mas gerando pouco dano às células consideradas normais.
O mastologista Sérgio Masili, do Instituto do Câncer de São Paulo Octavio Frias de Oliveira, destaca que a identificação do tipo de câncer de mama é feita a partir de uma biópsia.
“Se a mulher teve a suspeita, seja através do exame físico, seja através do exame de imagem, ela faz uma biópsia. A biópsia irá tirar um pequeno fragmento desse nódulo e o patologista consegue primeiro afirmar se é mesmo um câncer de mama e depois, através de uma análise mais precisa, definir o tipo”, explica.
Ao definir o tipo de câncer, é possível personalizar o tratamento, tornando-o mais eficaz para as pacientes.
“Você acaba tendo uma maior taxa de sucesso, reduzindo tratamentos desnecessários. O tratamento fica mais eficiente […] e essa personalização do tratamento tem sido cada vez mais efetiva”, afirma Masili.
A cura da doença leva em consideração o tipo de câncer, mas não apenas isso. Conforme explica Felizi, assim como o tratamento depende da tríade citada anteriormente, a cura também irá variar de acordo com três fatores: o estado da doença no momento do diagnóstico, a possibilidade de realização do tratamento ideal e o tipo do tumor.
“O tratamento multidisciplinar oferece não só a possibilidade da cura, mas favorece a preservação da saúde mental destas mulheres e uma melhora importante da qualidade de vida”, complementa. É por este e outros motivos que é tão importante incentivar a realização do exame de mama. Segundo a médica, o único exame que apresenta eficácia comprovada na redução de mortalidade pelo câncer de mama é a mamografia.
“O rastreamento é realizado anualmente a partir dos 40 anos. Pacientes de alto risco para desenvolvimento da doença têm o rastreamento individualizado, com um acompanhamento mais rigoroso. O autoexame é realizado mensalmente a partir de 21 anos de idade”, explica.
Segundo o especialista, para as pacientes que menstruam regularmente, o indicado é realizar após o ciclo menstrual. Para aquelas que não menstruam, realizar em um dia aleatório do mês.
“A importância do autoexame se dá pelo maior reconhecimento do próprio corpo pela mulher e maior possibilidade de identificar eventuais sinais da doença precocemente. É uma ferramenta a mais para a vigilância do câncer. De maneira alguma deve substituir visitas regulares ao médico especialista ou a realização de exames de rastreamento”, finaliza.
Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo