Um alerta sobre a trombose
Acontece de ser um mal silencioso, que dá poucos sinais de problema e, quando se torna grave, aflige demais os portadores. A Trombose Venosa Profunda, conhecida popularmente apenas como trombose, ocorre quando há formação de um coágulo sanguíneo em uma ou mais veias localizadas geralmente na parte inferior do corpo – nas pernas, onde o sangue fica mais acumulado pela própria anatomia humana. Combatê-la? É possível e muito desejável.
Normalmente, o sangue coagula para estancar sangramentos. Quando o coágulo se forma dentro da veia, ocorre um bloqueio da circulação e o sangue não consegue retornar para o coração – o que causa inchaço e dor nas coxas e panturrilhas.
As causas dessa formação podem ser genéticas ou adquiridas (e, algumas vezes, podem inclusive permanecer desconhecidas por médicos e pacientes).
Principais causas
O avanço da idade pode ser uma causa, assim como questões ligadas ao tipo sanguíneo, internações prolongadas, uso de pílula contraceptiva ou de reposição hormonal. Ou seja: a trombose não ocorre apenas com pessoas idosas, como muitos imaginam, mas em diversas fases e situações específicas da vida.
O problema maior, no entanto, acontece quando um coágulo se desprende e se movimenta na corrente sanguínea em um processo chamado de embolia. Uma embolia pode afetar o cérebro, pulmões e coração – levando a quadros bastante graves, inclusive à morte.
“Não é uma situação muito frequente chegar a esse grau, mas calcula-se que, no Brasil, aconteçam cerca 200 mil tromboses ao ano”, explica Cyrillo Cavalheiro Filho, chefe do Serviço de Hemostasia e Trombose do Instituto do Coração (InCor).
Sintomas discretos
Em aproximadamente metade dos casos, a trombose manifesta sintomas “silenciosos” no paciente. No entanto, pode acontecer de a pessoa sentir principalmente dor nas pernas, na região das panturrilhas em especial, podendo chegar até o tornozelo e o pé. Uma sensação de queimação também pode ocorrer – e é importante observar, associado a isso, falta de ar ou tosse seca.
São sinais claros de que se deve procurar um atendimento clínico. Às vezes, no entanto, a trombose afeta as pessoas em ambientes muito particulares. No avião, por exemplo. A imobilização parcial por longas horas pode provocar o trombo – o que muitos chamam de “síndrome da classe econômica”, mas que, é claro, pode atingir qualquer passageiro que fique por mais de seis horas imóvel, em espaço restrito, com roupas apertadas, em baixa umidade relativa do ar (fatores que contribuem para a doença).
E um alerta importante: “Cerca de 70% dos indivíduos que tiveram trombose a bordo de aviões haviam tomado remédios para dormir”, diz o Dr. Cyrillo.
Medicada para pegar no sono e relaxar, a pessoa acaba por ficar “apagada” por horas, sem se mexer ou esticar as pernas e sem beber líquidos, piorando o fluxo da corrente sanguínea.
Prevenção e tratamento
A trombose é tratada com medicamentos, que impedem a formação de coágulos e fazem com que ele não cresça ou que migre para o pulmão. Pessoas com episódios de trombose geralmente tomam medicamentos em comprimidos por, no mínimo, três meses.
Exames ajudam a controlar os episódios, detectar os trombos – e a avaliação regular com um cirurgião vascular mantém um acompanhamento importante.
O profissional da área é quem pode sugerir, ainda, outros métodos auxiliares, como o uso de meias elásticas.
Esse acessório precisa ser indicado por um médico, que fará sugestão específica de tipos que servem para cada indivíduo; modelos muito folgados não surtem efeito, enquanto meias muito apertadas pioram a circulação, fazendo da trombose uma inimiga ainda mais presente.
Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo