Preparado(a)? Serão 42 modalidades esportivas disputadas em 19 dias – totalizando cerca de 306 provas valendo medalhas. E apenas uma coisa é certa: os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, que tomarão a capital carioca pelo mês de agosto, vão inspirar muita gente. Alguns talvez só fiquem na torcida – mas pegar essa inspiração e transformá-la em uma rotina de atividade física seria um ganho de ouro para todo mundo.

Especial do mês: Você sabia… Que a atividade física pode contribuir para sua saúde mental?

Os estudos científicos vêm comprovando isso ao longo de décadas: pessoas fisicamente ativas desenvolvem um metabolismo energético mais elevado, o que significa que são capazes de aproveitar melhor os alimentos nutritivos sem acumular gordura no corpo. Resumindo? Ganham saúde.

À medida que a atividade física se torna algo regular, em alguns meses, o mesmo acontece com a massa corporal magra (a massa muscular), e o corpo, gradualmente, também é capaz de mudar suas formas.

A atividade física rotineira também é capaz de manter músculos, ossos e articulações fortes, pode regular a produção hormonal e sanguínea e ajudar nas funções imunológicas. E o exercício físico, talvez mais do que tudo, é um poderoso elemento para diminuir o risco de doenças do aparelho cardiorrespiratório.

“Exercício é o elixir da vida, o melhor amigo do organismo”, diz o cardiologista e diretor do InCor (Instituto do Coração) de São Paulo, Roberto Kalil.

“Praticar atividade física reduz o risco de doença cardiovascular, o que é algo vital. E os médicos também conseguem controlar melhor outras doenças, quando se trata de um paciente que faz atividade, como pressão arterial, diabetes e problemas circulatórios”, completa.

O correto, segundo o cardiologista, é que a atividade física seja mesmo regular – o ideal é se dedicar a fazer exercícios pelo menos uma hora por dia.

“É importante dizer que todas as pessoas saudáveis devem fazer exercícios físicos – mas mesmo quem tem alguma questão de saúde pode conversar com seu médico e saber que tipo de modalidade praticar e com qual intensidade e frequência”, afirma Kalil.

Esse, aliás, é um hábito essencial em qualquer idade. Na Olimpíada do Rio, o público poderá acompanhar desde uma nadadora nepalesa de 13 anos até um veterano do tênis de mesa – que conquista medalhas ainda aos 54 anos em um esporte que exige muito do físico.

No dia a dia dos não-atletas pode ser assim também. “Os mais idosos podem caminhar ao menos 10 minutos por dia – estudos mostram que só isso já previne episódios de problemas cardíacos”, lembra o dr. Kalil.

E não vale colocar a culpa naquele velho inimigo da vida moderna: o tempo. “Tem que fazer, tem que achar tempo para alguma atividade diária. No passado, já se falava que ‘a saúde está nos nossos pés’, significando que a pessoa que faz exercícios prolonga a vida”, diz o cardiologista.

Então, a pessoa que pratica esporte está, na verdade, ganhando tempo.

O emocional também vence

Praticar atividades físicas não vale apenas pelo corpo saudável, mas pela mente saudável.

“O cérebro não é diferente dos músculos e também precisa ser exercitado. E sim, pode-se fazer isso com atividades intelectuais, mas vestir os tênis e ir à academia também melhora as conexões cerebrais e pode atuar desde a renovação celular até o nível comportamental.”

É isso o que diz um estudo recente realizado pela Universidade da Georgia, nos Estados Unidos. E a pesquisa mostrou ainda um detalhe animador: mesmo se exercitar por um breve tempo de 20 minutos, diariamente, já contribui para manter as funções cerebrais.

Outros efeitos também são comprovados: atividade física regular é capaz de trazer alívio para a ansiedade e combater o estresse. As crianças fisicamente ativas, segundo o cardiologista, “têm melhor desempenho escolar, se tornam mais sociáveis, apresentam melhor relacionamento com os pais e amigos e, provavelmente, terão menor tendência ao tabagismo ou ao uso de drogas”.

O bom é que, assim como os esportes olímpicos se mostram tão variados, as formas de adotar uma rotina de atividade física também são diversas. Tudo o que mantenha o corpo em movimento pode ser considerado uma opção – do esporte mais comum até a dança, capoeira, aulas de circo e até rotinas mais “caseiras”, como brincar com as crianças no parque ou cultivar um jardim.

É achar seu estilo favorito, abraçar os treinos e encontrar um atleta dentro de si mesmo.

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo