Uso do colírio não deve ser banalizado

27 de outubro - 2017
Por: Equipe Coração & Vida

Um produto aparentemente inofensivo que pode causar problemas caso utilizado sem o devido cuidado. Seja por falta de conhecimento ou simplesmente por ignorar orientação profissional, muitas pessoas abusam dos colírios diariamente, colocando a saúde dos olhos em risco.

Não existe uso seguro do produto sem orientação adequada. A aplicação indiscriminada pode, inclusive, levar a efeitos colaterais e doenças graves.

Foto: Shutterstock
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Quadros alérgicos não são incomuns. Colírios com corticoide, por exemplo, podem produzir catarata e glaucoma, que causam cegueira se não tratados corretamente. Além disso, colírios hipotensores, utilizados no tratamento de glaucoma, podem causar até mesmo parada cardíaca em pessoas com predisposição e doenças pré-existentes no coração.

Situações como estas podem ocorrer especialmente pela facilidade em adquirir o produto. Excetuando os antibióticos, os colírios anestésicos e os colírios cicloplégicos, todos os demais podem ser comprados sem receita médica, o que representa um grande risco para a população.

O oftalmologista Pedro Carricondo acrescenta ainda que colírios corticoides, por exemplo, podem causar glaucoma e catarata. “Existem ainda os anti-inflamatórios não hormonais que podem levar a lesões na córnea. Colírios utilizados para o controle da pressão intraocular podem causar efeitos colaterais no organismo muito graves, que podem levar até mesmo à morte.”

Quando os olhos ficam vermelhos, o mais indicado é procurar um médico. Carricondo explica que a situação em si não é uma doença, mas indica que existe algo errado. Por isso, nunca pingue as “milagrosas” gotinhas indiscriminadamente.

“Os colírios vasoconstritores produzem um alívio temporário e muitas vezes causam um efeito rebote secundário, com uma vasodilatação quando o efeito passa, levando a um aumento da vermelhidão. Esse efeito pode deixar os olhos permanentemente vermelhos. O ideal é tratar a causa primária.”

Nesses casos, o mais indicado é não coçar os olhos e jamais recorrer a receitas caseiras. Na dúvida, aplique apenas compressas com água fria.

Outros sintomas que podem indicar problemas mais graves são dores (fortes ou persistentes), secreção em grande quantidade, lesões visíveis na córnea ou no globo ocular. Além disso, quadros que não respondem ao tratamento sintomático inicial também indicam condições mais complicadas. Em todos os casos, a avaliação profissional é necessária.

Algumas pessoas acreditam que o soro caseiro pode ser mais seguro. O produto, no entanto, pode até agravar determinados problemas, já que possui composição muito diferente da lágrima.

Após aberto, o líquido não deve ser guardado, pelo risco de infecção e de modificação da composição. “Usuários de lente de contato que mantêm o soro aberto por vários dias podem contrair infecções por bactérias que se instalam e proliferam no produto”, assinala o médico.

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

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