Vacina contra o HIV chega em teste final

13 de dezembro - 2019
Por: Equipe Coração & Vida
FOTO:shutterstock
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Por Sofia Pilagallo

Após décadas de trabalho, uma pesquisa para vacina contra o HIV, vírus causador da Aids, chega ao teste final. O imunizante será aplicado em 3.800 pessoas, espalhados por oito países, incluindo o Brasil. O trabalho que tornou isso possível recebeu o nome de Mosaico, cujo nome faz referência ao conceito de vacinas desenvolvidas a partir de um “mosaico” de antígenos.

Susan Buchbinder, médica, presidente do protocolo Mosaico e diretora do Bridge HIV no Departamento de Saúde Pública de São Francisco apresentou o estudo durante a 10ª Conferência do IAS sobre Ciência do HIV (IAS 2019), na Cidade do México.

O imunizante é composto por estruturas que servem como vetores de antígenos do HIV, e de importantes proteínas da estrutura do próprio vírus. Ralcyon Teixeira, infectologista e diretor médico do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, explica o mecanismo de atuação: “Essa combinação de estruturas tenta fazer com que o corpo humano produza diversos alvos contra o HIV evitando, assim, a infecção.”

O que se sabe até o momento é que serão aplicadas quatro doses. Após uma primeira aplicação, as seguintes são feitas depois de três, seis e 12 meses. O especialista ressalta “que o estudo ainda é para ver se a vacina funciona e, se funcionar, o quanto ela consegue proteger”. Caso demonstre eficácia, Ralcyon acredita “será uma importante ação para somar esforços para prevenção contra o HIV, além de uma excelente descoberta da medicina”.

O estudo Mosaico é o segundo – e maior – trabalho de eficácia para a vacina de HIV em investigação. O primeiro realizado, conhecido como Imbokodo, avalia atualmente a eficácia do imunizante em 2.600 mulheres, de 18 a 35 países do sul da África – nesses lugares, elas representam quase 60% dos casos de incidência da doença.

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Em 2018, a vacina chegou a ser testada em macacos da espécie rhesus (também conhecido como macaca mulata). Os primatas foram expostos a uma versão artificial do vírus HIV, mas que contém a mesma cadeia de moléculas do vírus humano.

De acordo com os pesquisadores envolvidos no trabalho, os resultados foram bastante satisfatórios. Quando em contato com o imunizante, o sistema imunológico dos animais começou a produzir anticorpos neutralizantes contra a cepa Tier 2 (a forma viral mais comum nas infecções do HIV em humanos).  Chegou-se, ainda, à primeira estimativa de níveis de anticorpos neutralizantes induzidos pela vacina necessários para proteger o HIV.

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Os resultados iniciais do Imbokodo e do Mosaico ainda são esperados para o final de 2021 e 2023, respectivamente. Só então os cientistas terão respostas sobre a eficácia da vacina. Ainda não há previsão de quando o imunizante chegará ao público geral.

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

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