“Apoio é fundamental”, diz paciente que passou por transplante
Cármen Guaresemin
Paulo César Pereira Reis era motorista de caminhão quando, em 2005, começou a se sentir mal, relatando falta de ar e cansaço. Depois de consultar um médico descobriu que tinha miocardiopatia dilatada idiopática. Ele passou a fazer um tratamento, mas o cardiologista chegou a comentar que acreditava que fosse um caso de transplante.
Confira a primeira reportagem do Especial de Transplantes:
Retratado em novela, transplante cardíaco atinge recorde
Reis continuou o tratamento pelos anos seguintes, mas com altos e baixos. Depois de passar por várias crises, chegou a ser levado pelo SAMU a um pronto-socorro em Guarulhos. De lá, foi transferido para o Incor. Era março de 2012 e ele estava com 52 anos. “Meu peso normal era 88 quilos, cheguei a pesar 120, por causa da retenção líquida. Iniciaram um tratamento com as mesmas drogas de antes e comecei a eliminar líquido. Estava na fila, mas como prioritário, pois me deram apenas quatro meses de vida”, conta ele.
Até hoje, Reis se lembra do dia e hora em que entrou na sala de cirurgia: 10 horas do dia 31 de março. Ele recebeu o coração de um rapaz de 22 anos. Passou por uma intercorrência, mas, no fim, tudo deu certo. Cerca de 40 dias depois, estava em casa.
Atualmente, Reis tem uma alimentação balanceada e procura fazer tudo o que não podia antes da cirurgia, inclusive exercícios na academia. Vale ressaltar, no entanto, que são atividades específicas para recuperação cardiológica pós-transplante.
Hoje, ele visita pessoas que estão internadas no Incor aguardando o transplante ou para ter alta e tenta levar um pouco de esperança e tirar dúvidas, que são muitas.
“Tive suporte da minha mulher. Ela, que é professora, tirou licença por um ano para me ajudar. Isso é raro. Vi muitos morrendo enquanto aguardavam no hospital, homens e mulheres, mais porque foram abandonados que pela doença em si. Ninguém estava ao lado delas. Apoio é fundamental”, finaliza.