Vitiligo requer mais conhecimento e menos preconceito

27 de abril - 2016
Por: Equipe Coração & Vida

Pode começar com uma pequena marquinha mais clara do que o tom geral da pele e, dali um tempo, avançar para uma marca maior, causando muito medo e, às vezes, vergonha. Mas não há motivo para pânico: o vitiligo é uma doença que surge na pele e causa a perda gradual da pigmentação.

De fato, o vitiligo só é um problema grave em poucos casos. Não se trata de algo contagioso e nem representa um risco para a vida do indivíduo. Pode, isso sim, afetar a autoestima de algumas pessoas – e é justamente esse abalo emocional um dos “gatilhos” para o surgimento e propagação das manchas.

Foto: Shutterstock
Foto: Shutterstock

O vitiligo pode acontecer em qualquer parte do corpo, em qualquer fase da vida e com qualquer extensão (até mesmo o couro cabeludo, o interior da boca e os olhos podem apresentar as manchas). E apesar de afetar pessoas de todos os tipos de pele, costuma ficar mais evidente em pessoas com pele mais escura.

A ex-modelo Luiza Brunet, por exemplo, é portadora de vitiligo há muitos anos, mas sempre conseguiu disfarçar a doença nas passarelas e campanhas publicitárias com a ajuda de maquiagem. O rapper brasileiro Rappin Hood, por outro lado, tem as manchas do rosto – e prefere deixá-las em evidência.

Alguns tratamentos para vitiligo podem desacelerar a doença, mas o controle com medicamentos depende muito das reações de cada organismo – até porque, as causas dessa condição não são completamente conhecidas.

A indicação mais aceita é que o vitiligo seja uma doença autoimune, que ocorre quando as células formadoras de melanina, os melanócitos, são atacadas pelo próprio sistema imunológico de um indivíduo, deixam de funcionar e, portanto, de dar cor à pele.

Outras vertentes falam que as causas do vitiligo poderiam estar associadas à genética com uma influência do estresse excessivo. Não é comprovado, mas é muito comum observar que a doença acelera quando o paciente está mais abalado emocionalmente ou pressionado.

Em geral, não há qualquer outro sintoma que não as manchas claras mesmo. A forma delas surge irregularmente e, às vezes, podem coçar um pouco. Mas não vai além disso; não costuma haver desconforto, irritação, dor ou grandes mudanças na textura da pele.

Por outro lado, a pele de quem tem vitiligo é fotossensível: os pacientes devem evitar a exposição direta ao sol, porque é possível que isso faça as manchas avançarem (e o perigo de desenvolver câncer aumenta muito). A propagação das manchas, aliás, varia bastante: podem ocorrer em questão de semanas ou podem se estabilizar por meses ou mesmo anos.

Embora a doença seja algo comum nos consultórios médicos (em alguns países a incidência chega a ser de 8% na população; no Brasil fica em torno de 1%), a falta de conhecimento das demais pessoas acaba tendo impacto nos portadores.

Uma pesquisa desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) aponta que mulheres que têm vitiligo apresentam mais chances de ter uma baixa autoestima, um significativo sofrimento emocional e maiores possibilidades de sofrer de depressão.

Larissa Ruiz, responsável pelo estudo sob orientação da professora Maria de Jesus Dutra dos Reis, do Departamento de Psicologia, avaliou que o constrangimento relatado pelas pessoas com vitiligo costuma estar relacionado ao receio de outros quanto às doenças de pele, ao medo de contágio e à atribuição de pouca higiene pessoal, levando a uma estigmatização completamente absurda sobre a doença e seus portadores.

“Quem tem vitiligo precisa de apoio. O impacto psicológico não pode ser negligenciado – assim como a sociedade precisa ser educada a respeito da doença, diminuindo o preconceito associado à falta de informação”, diz a pesquisadora.

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

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